Prática vem sendo popularizada como alternativa às dietas tradicionais para redução de peso
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O jejum intermitente é uma prática adotada desde a Antiguidade por motivos culturais, religiosos ou de cura. Mais recentemente, entretanto, vem sendo popularizado como uma alternativa às dietas tradicionais para redução de peso. O protocolo consiste na restrição da alimentação por determinados períodos, que podem variar de 12 horas seguidas, sendo o tipo mais comum, a 16 horas ou até 24 horas.
Alguns estudos associam o jejum periódico à melhoria da saúde reprodutiva em mulheres acima do peso, biomarcadores reduzidos vinculados a certos tipos de câncer, efeitos protetores no coração, controle dos níveis de glicose e insulina no sangue e mais disposição. Novas evidências, no entanto, têm surgido.
Em outubro, a revista Obesity publicou o resultado de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Illinois, em Chicago (EUA), com um grupo de mulheres obesas na pré e na pós-menopausa. Elas seguiram jejum intermitente por oito semanas, com quatro horas a seis horas de janela de alimentação, período em que é permitido comer sem contar calorias, antes de retomar a restrição alimentar até o dia seguinte.
Em comparação com um grupo que não seguiu nenhuma limitação de alimento, a análise de dados de amostras de sangue demonstrou que a dehidroepiandrosternona (DHEA) — hormônio secretado pelas glândulas adrenais, pelas gônadas e pelo cérebro, precursor para hormônios sexuais, também prescrito para melhorar a função do ovário e a qualidade dos óvulos — caiu cerca de 14%.
Em mulheres na pré-menopausa, portanto, o resultado indica que a queda nos níveis de DHEA deve ser avaliada em relação aos benefícios de fertilidade de uma massa corporal menor. No caso da pós-menopausa, os pesquisadores ponderam que a redução causa preocupação, pois na menopausa já ocorre significativa diminuição do estrogênio, que tem o DHEA como componente primário.
A perda de peso das integrantes do grupo que adotou o jejum intermitente foi de 3% a 4% do peso inicial, além de ter sido registrada queda na resistência à insulina e nos biomarcadores de estresse oxidativo. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), pesquisas também têm mostrado que o emagrecimento por meio do jejum não é maior do que a redução de peso obtida com uma dieta tradicional. Por isso, especialistas avaliam que a prática não deve ser adotada por quem não tem indicação médica e busca apenas finalidades estéticas.
O jejum, diferentemente do que muitos acreditam, não pode ser aplicado por todas as pessoas, sob o risco de futuros problemas de saúde, como alteração de produção de alguns hormônios, deficiência de nutrientes, desmaios, perda de massa muscular, queda de imunidade e insônia. Por isso, o acompanhamento por um profissional de saúde é de grande importância, para que seja realizada uma análise individualizada de pacientes.
São quatro as formas de jejum intermitente geralmente utilizadas. A primeira e mais usual é a de 12 horas, na qual a pessoa passa esse período sem ingerir alimentos. Um exemplo é parar de comer às 20h e voltar às 8h do dia seguinte. A segunda, de 16 horas, funciona da mesma forma: 16 horas sem alimentação, com refeições nas 8 horas restantes do dia. A terceira, de 18 horas, segue protocolo similar. Por fim, a mais prolongada, no jejum de 24 horas, feito duas vezes por semana, prevê somente uma refeição ao dia, ficando a próxima para o dia seguinte, no mesmo horário.
É permitida a ingestão de água, chá ou café com adoçante ou sem açúcar durante o período do jejum.
Crianças e adolescentes estão entre os pacientes que não podem, de acordo com especialistas, adotar esse tipo de dieta restritiva. Por estarem em fase de crescimento, a ingestão constante de nutrientes é necessária. O mesmo ocorre com grávidas e lactantes, pois precisam estar bem nutridas.
A restrição alimentar também é contraindicada a idosos, para evitar tonturas, quedas e até derrame; e a pessoas com doenças crônicas, em função dos medicamentos utilizados, que provocam mudanças no metabolismo e podem ocasionar hipoglicemia.
Fonte: Science Daily, Abeso, Infobae, Alta, Vitat