Jejum intermitente afeta hormônios femininos?

29 de novembro de 2022 4 mins. de leitura
Prática vem sendo popularizada como alternativa às dietas tradicionais para redução de peso

O jejum intermitente é uma prática adotada desde a Antiguidade por motivos culturais, religiosos ou de cura. Mais recentemente, entretanto, vem sendo popularizado como uma alternativa às dietas tradicionais para redução de peso. O protocolo consiste na restrição da alimentação por determinados períodos, que podem variar de 12 horas seguidas, sendo o tipo mais comum, a 16 horas ou até 24 horas.

Alguns estudos associam o jejum periódico à melhoria da saúde reprodutiva em mulheres acima do peso, biomarcadores reduzidos vinculados a certos tipos de câncer, efeitos protetores no coração, controle dos níveis de glicose e insulina no sangue e mais disposição. Novas evidências, no entanto, têm surgido.

Em outubro, a revista Obesity publicou o resultado de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Illinois, em Chicago (EUA), com um grupo de mulheres obesas na pré e na pós-menopausa. Elas seguiram jejum intermitente por oito semanas, com quatro horas a seis horas de janela de alimentação, período em que é permitido comer sem contar calorias, antes de retomar a restrição alimentar até o dia seguinte.

Em comparação com um grupo que não seguiu nenhuma limitação de alimento, a análise de dados de amostras de sangue demonstrou que a dehidroepiandrosternona (DHEA) — hormônio secretado pelas glândulas adrenais, pelas gônadas e pelo cérebro, precursor para hormônios sexuais, também prescrito para melhorar a função do ovário e a qualidade dos óvulos — caiu cerca de 14%.

Em mulheres na pré-menopausa, portanto, o resultado indica que a queda nos níveis de DHEA deve ser avaliada em relação aos benefícios de fertilidade de uma massa corporal menor. No caso da pós-menopausa, os pesquisadores ponderam que a redução causa preocupação, pois na menopausa já ocorre significativa diminuição do estrogênio, que tem o DHEA como componente primário.

A perda de peso das integrantes do grupo que adotou o jejum intermitente foi de 3% a 4% do peso inicial, além de ter sido registrada queda na resistência à insulina e nos biomarcadores de estresse oxidativo. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), pesquisas também têm mostrado que o emagrecimento por meio do jejum não é maior do que a redução de peso obtida com uma dieta tradicional. Por isso, especialistas avaliam que a prática não deve ser adotada por quem não tem indicação médica e busca apenas finalidades estéticas.

O jejum, diferentemente do que muitos acreditam, não pode ser aplicado por todas as pessoas, sob o risco de futuros problemas de saúde, como alteração de produção de alguns hormônios, deficiência de nutrientes, desmaios, perda de massa muscular, queda de imunidade e insônia. Por isso, o acompanhamento por um profissional de saúde é de grande importância, para que seja realizada uma análise individualizada de pacientes.

Quais são os tipos de jejum intermitente?

No jejum intermitente, alimentos só podem ser consumidos em algumas horas do dia. (Foto: Schutterstock/Reprodução)
No jejum intermitente, alimentos só podem ser consumidos em algumas horas do dia. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

São quatro as formas de jejum intermitente geralmente utilizadas. A primeira e mais usual é a de 12 horas, na qual a pessoa passa esse período sem ingerir alimentos. Um exemplo é parar de comer às 20h e voltar às 8h do dia seguinte. A segunda, de 16 horas, funciona da mesma forma: 16 horas sem alimentação, com refeições nas 8 horas restantes do dia. A terceira, de 18 horas, segue protocolo similar. Por fim, a mais prolongada, no jejum de 24 horas, feito duas vezes por semana, prevê somente uma refeição ao dia, ficando a próxima para o dia seguinte, no mesmo horário.

É permitida a ingestão de água, chá ou café com adoçante ou sem açúcar durante o período do jejum.

Quem não pode adotar a prática?

Grávidas estão entre as pessoas que não podem adotar o jejum como dieta. (Fonte: Schutterstock/Reprodução)
Grávidas estão entre as pessoas que não podem adotar o jejum como dieta. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Crianças e adolescentes estão entre os pacientes que não podem, de acordo com especialistas, adotar esse tipo de dieta restritiva. Por estarem em fase de crescimento, a ingestão constante de nutrientes é necessária. O mesmo ocorre com grávidas e lactantes, pois precisam estar bem nutridas.

A restrição alimentar também é contraindicada a idosos, para evitar tonturas, quedas e até derrame; e a pessoas com doenças crônicas, em função dos medicamentos utilizados, que provocam mudanças no metabolismo e podem ocasionar hipoglicemia.

Fonte: Science Daily, Abeso, Infobae, Alta, Vitat

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