Pandemia: como a indústria farmacêutica pode se preparar?
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Em 2009, um vírus influenza, semelhante ao da gripe comum, foi identificado nos Estados Unidos e no México e, em pouco tempo, alcançou 120 países.
Dez anos depois, um novo tipo de coronavírus se espalhou da Ásia para o mundo, causando mais de três milhões de mortes entre 2020 e 2021. Para muitos pesquisadores, o mundo não fez a lição de casa em relação ao H1N1 e está pagando um preço caro diante do Sars-CoV-2.
Por isso, é fundamental que a indústria farmacêutica faça um balanço de suas deficiências e o que pode ser feito em relação a outras eventuais pandemias.
Como se antecipar a novas epidemias?
As doenças infecciosas não são uma novidade no mundo, mas a globalização delas sim — fato que preocupa sanitaristas e epidemiologistas do mundo todo. Afinal, o que impede outra pandemia de surgir a qualquer momento?
Uma mudança importante que deve ocorrer a partir de agora é um monitoramento epidemiológico ainda maior. Assim como ocorreu no início da covid-19, em que quadros de pneumonia se tornaram mais comuns e acenderam um alerta para médicos chineses.
Por que apostar em retrovirais de amplo espectro?
Ainda em 2003, um surto de gripe aviária (Sars) foi rapidamente contido, mas assustou os cientistas, pois ele chegou a circular na Holanda e em Hong Kong.
Na época, Robert Webster, um cientista que pesquisava o vírus da gripe, advertiu a comunidade científica e passou a recomendar a produção de medicamentos antivirais de amplo espectro. Assim, da mesma forma que antibióticos são utilizados para tratar infecções bacterianas indeterminadas, seria possível combater cepas de diferentes vírus.
Isso exige que a indústria farmacêutica passe a pesquisar e desenvolver medicações sem uma demanda concreta, algo que contraria a sua lógica de mercado. Os Estados Unidos, por exemplo, parecem ter compreendido que prevenir é o melhor caminho. O Instituto Nacional de Saúde do país (NIH) tem conduzido testes para tratar a covid-19, causada pelo Sars-CoV-2, e diversas outras doenças com potencial pandêmico.
Capacidade adaptativa é essencial para a sobrevivência
O Remdesivir e o Molnupiravir são exemplos de fármacos que estão sendo aprimorados para que respondam ao maior espectro possível de variantes virais.
A resistência aos medicamentos acontecem, pois os vírus não têm anatomia celular, diferentemente de bactérias e fungos. Por isso, a capacidade de mutação é própria do seu sistema de multiplicação, e cada família de vírus precisa de drogas próprias.
Devido a isso, os alertas são necessários para que a área da saúde, especialmente a indústria farmacêutica, possa se planejar para criar alternativas e investir em novas pesquisas capazes de salvar milhões de vidas em outras pandemias.
Fonte: Nature.