sustentabilidade não é só questão de ecologia! Para que o sistema de saúde público e privado seja sustentável, é preciso encadear ações em setores como educação e saneamento
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Se você se alimenta mal, não bebe água, não se agasalha direito, vive em um ambiente insalubre e sem higiene, carrega peso excessivo no trabalho por horas a fio, não se alonga e não toma cuidado com a sua segurança, o que pode acontecer com a sua saúde?
Esta, assim como a qualidade de vida, é resultado de uma série de medidas tomadas em conjunto no dia a dia, e o mesmo vale para a saúde como instituição.
Quando uma cidade, estado ou país passam a negligenciar determinadas áreas, pequenos detalhes podem se tornar grandes problemas, que, mais tarde, desembocam em crises da saúde. E não basta que apenas uma parte da população esteja atenta a isso.
Todos os anos, sete milhões de pessoas morrem em decorrência de doenças respiratórias graças aos altos índices de poluição do ar. A grande maioria dessas mortes (90%) ocorre em países com baixa e média rendas, com altos volumes de emissões de poluentes derivados de agricultura, transportes e indústria. É o caso da China, por exemplo.
Já no Brasil, o saneamento básico não é uma realidade para a integralidade da população. Após analisar os 100 maiores municípios do País, o Instituto Trata Brasil divulgou um relatório que mostra que assustadores 17% da população brasileira em 2016 não contavam com água potável, o que corresponde a 35 milhões de pessoas. Quase metade do País ainda não tem coleta de esgoto e apenas 45% da população nacional contam com esgotos tratados.
O aumento injustificado da desconfiança nas vacinações é outro problema que integra a imensa cadeia de sustentabilidade da área da saúde. Nos últimos anos, é crescente um movimento anticientífico que atribui às vacinas uma série de efeitos colaterais, o que leva parte da população a não recorrer a esse tipo de prevenção. Das oito imunizações obrigatórias para crianças que nascem no País, o Brasil alcançou neste ano a meta em apenas uma. Nesse cenário, doenças já consideradas erradicadas em território nacional, como o sarampo, apresentaram crescimento no número de casos.
Assim como os aspectos que afetam a saúde precisam ser olhados com atenção, as instituições de saúde devem receber cuidados para que se tornem sustentáveis. Isso passa pelo recebimento de recursos e sua administração adequada e pelo gerenciamento dos setores e dos profissionais envolvidos.
Enquanto trata de seus pacientes, um hospital precisa cuidar de seus funcionários, atender a uma série de exigências de padrões de higiene e contaminação, além de pensar em uma gestão sustentável e adequada de resíduos.
Outra dimensão essencial para a sustentabilidade da saúde e que passa pelos hospitais é a divulgação e orientação dos pacientes com relação à prevenção de doenças, de forma que, durante um tratamento, médicos, enfermeiros e demais profissionais do setor possam contribuir para evitar que os pacientes retornem ao hospital com novas doenças.
Para contribuir com o gerenciamento das organizações de saúde, existem diversas instituições voltadas ao aprimoramento da gestão, com medidas e modelos aplicáveis nas mais diversas situações. É o caso do Institute Healthcare Improvement (IHI), uma empresa norte-americana voltada ao desenvolvimento de melhorias para instituições de cuidados com a saúde.
São do IHI programas de melhoramentos como o chamado Triple Aim (ou Objetivo Triplo), que visa a melhores tratamentos, evolução na saúde da população e otimização de custos. Segundo o próprio instituto, o objetivo do programa é “entender e estratificar as necessidades da população, ativando-a para melhorar sua saúde e mapear e utilizar todos os recursos em suas comunidades para alcançar melhorias na saúde, experiência de cuidados e custos”.
Essas propostas são alcançadas ao serem estabelecidas redes de aprendizagem, compartilhamento de experiências e abordagens de desenvolvimento de capacidades da equipe.
Fonte: Estadão, Institute Healthcare Improvement, Instituto Saúde e Sustentabilidade