Pesquisa aponta que células-tronco não podem produzir óvulos

5 de maio de 2020 4 mins. de leitura
Grupo de pesquisadores suecos espera poder definir novas diretrizes para aprimorar técnicas de fertilização

Uma nova pesquisa envolvendo células-tronco foi responsável por desvendar ações no sistema reprodutivo feminino. Por meio da análise de uma única célula, cientistas da Karolinska Institutet, na Suécia, descobriram que as células-tronco não fazem parte da composição celular de um óvulo humano.

Os pesquisadores utilizaram uma única célula para conseguir obter um panorama de mais de 24 mil células provenientes do córtex ovariano de 21 pacientes. A equipe de cientistas também coletou informações da medula ovariana, pela qual conseguiram estabelecer um mapa celular completo do ovário humano.

Os resultados, que foram publicados na revista Nature Communications, servem para que pesquisas futuras sobre fertilidade tenham um novo direcionamento ao abordar novas técnicas para estender o período de gravidez de mulheres.

Segundo Fredrik Lanner, pesquisador em obstetrícia e ginecologia no Departamento de Ciência Clínica, Intervenção e Tecnologia no Karolinska Institutet, o debate sobre a existência ou não de células-tronco no sistema reprodutivo feminino é antigo na comunidade médica.

Lanner aponta que, por muitos anos, acreditou-se que as células-tronco eram a chave para reverter o chamado “relógio reprodutivo” feminino, visto que este tinha propriedades completamente diferentes de outras células.

Um dos grandes impasses para o desenvolvimento de novos estudos sobre técnicas de fertilização era justamente o desconhecimento sobre a real forma de estrutura celular dos ovários, ressaltaram os cientistas. Agora, com novas provas, os pesquisadores creem ter estabelecido um marco para que novas pesquisas abordem células existentes nos ovários.

Os resultados demonstraram que as principais células presentes nos ovários são: da granulosa, imunes, endoteliais, perivasculares, do estroma e óvulo.

Fertilidade em laboratório

(Fonte: Carlo Navarro/Unsplash)

Em 2018, os pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, foram pioneiros no desenvolvimento de uma técnica que permitisse óvulos se desenvolverem em laboratório. O grupo de escoceses ressaltou a importância do experimento para a maior compreensão de como ocorre o desenvolvimento dos óvulos dentro do corpo humano.

Além disso, o estudo promete ajudar crianças que passaram por tratamentos de câncer a manter a fertilidade na vida adulta. Isso porque processos como a quimioterapia e a radioterapia podem promover lesões nos ovários que dificultem na gravidez de antigos enfermos com câncer.

Para funcionamento da técnica, foi necessário estabelecer as condições ideais de desenvolvimento de um óvulo fora do corpo humano. Dessa forma, os cientistas montaram uma ambientação com os níveis de oxigênio, hormônios e proteínas necessárias para o estimular o crescimento do óvulo.

Novas tecnologias vêm sendo criadas constantemente na busca de auxiliar na fertilidade de mulheres. No ano de 2017, a Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, desenvolveu protótipos de ovários criados em impressoras 3D para ajudar na gravidez de três ratas de laboratório.

A versão sintética do ovário foi introduzida nos animais e conseguiu tanto abrigar como liberar os óvulos da espécie no ritmo certo. Uma das preocupações dos pesquisadores era a possibilidade de rejeição do aparelho pelo organismo. Para isso, os ovários feitos em laboratório eram feitos de material biodegradável, como colágeno e água.

Espera-se que, no futuro, novas pesquisas consigam desenvolver modelos feitos para o corpo humano e que ajudem mulheres a aumentar seus períodos de fertilidade.

Relógio reprodutivo

(Fonte: Pixabay)
(Fonte: Pixabay)

A Universidade de Queensland, na Austrália, encontrou uma maneira não intrusiva de reverter o relógio reprodutivo de camundongos. Liderados por Hayden Homer, o time de cientistas montou um experimento capaz de restaurar a qualidade dos óvulos da espécie.

Os pesquisadores tinham como hipótese a possibilidade de incentivar a produção de um composto essencial na fertilidade dos ratos através de uma carga oral de outro composto precursor da molécula.

Durante quatro semanas, os camundongos beberam água misturadas com pequenas doses de Nicotinamida mononucleotídeo (NMN) — composto originário do Dinucleótido de nicotinamida e adenina (NAD). Com isso, a equipe observou uma melhora significativa na qualidade dos óvulos e um aumento no número de reproduções durante o período do processo.

A queda na qualidade dos óvulos é um fator comum em mulheres com mais de 35 anos, e uma das principais barreiras nas tentativas de engravidar. Com o avanço nos estudos, os australianos pretendem iniciar novos testes com humanos para desenvolver técnicas que permitam às mulheres reverterem seu período de fertilidade.

Fonte: Universidade de Queensland, BBC, USP.

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