Quais são os principais desafios da saúde suplementar no Brasil?

28 de maio de 2020 4 mins. de leitura
Laboratórios, hospitais e planos de saúde têm aumento de custos acima da inflação e podem comprometer a oferta de assistência médica

Mais de 47 milhões de brasileiros são beneficiários de planos de assistência médica, segundo dados de março da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS). Os pacotes para pessoa física tiveram autorização para aumentar as mensalidades em até 7,3% entre maio de 2019 e abril de 2020, um índice muito acima da inflação registrada no período (2,4%). Os planos corporativos tiveram alta ainda maior, de 17%, em média.

A principal explicação das operadoras para o descompasso entre o reajuste das mensalidades dos planos e a inflação brasileira é o aumento de custos do setor. A fragmentação no atendimento e nos processos e o sistema de pagamento por serviços são apontados como indutores de excessos, desperdícios e fraudes.

O mercado enfrenta, ainda, reclamações sobre remuneração por parte de médicos, laboratórios e hospitais — as companhias pagam aos profissionais entre R$ 8 e R$ 32 por consulta. Com o baixo retorno financeiro, a qualidade do serviço prestado pode cair, afastando clientes e provocando uma reação em cadeia que pode comprometer a sustentabilidade financeira do sistema.

Principais desafios da saúde suplementar no Brasil

Sustentabilidade do sistema suplementar de saúde está em risco no Brasil. (Fonte: Shutterstock)

Para lutar pela sobrevivência, o sistema de saúde suplementar deve repensar o modelo de atuação no Brasil tanto financeiro quanto de relacionamento direto com clientes, prestadores de serviços e fornecedores.

Medicina preventiva

Os planos de saúde, de forma geral, atuam com o foco no tratamento de doenças, o que é muito mais dispendioso do que trabalhar na prevenção delas. Segundo a ANS, entre 80% e 85% dos problemas de saúde podem ser solucionados com atenção primária. Para reduzir custos, é necessário focar a promoção da saúde, com investimentos em medicina preventiva em um contexto de gestão integrada de saúde.

Tecnologia para redução de despesas

Implantação de novas tecnologias deve ser pensada para aumentar eficiência. (Fonte: Shutterstock)

Outra forma de redução de custo é a implantação de soluções tecnológicas, tendo em vista a eficácia, o custo, a efetividade e a capacidade orçamentária da população. Uma gestão mais inteligente pode ajudar a criar regras de precificação de reajuste, proporcionando maior equilíbrio financeiro para as operadoras.

Combate a fraudes

Apesar de várias regras e restrições nos contratos de prestação de assistência médica por operadoras de saúde, o sistema é complacente com práticas fraudulentas que podem afetar a saúde financeira das empresas. As fraudes representam grande parte dos custos da saúde suplementar no Brasil, então um marco legal é necessário para disciplinar e reduzir esses casos.

Modelo de remuneração

O contrato entre operadoras de saúde e prestadores de serviço deve ser revisto, com um compartilhamento claro das responsabilidades de assistência de cada parte. Além disso, a ANS defende que o modelo de remuneração adotado por 97% das empresas do setor deve ser mudado.

Atualmente, os planos de saúde pagam médicos, laboratórios e hospitais com base na quantidade de atendimentos. Modelos de remuneração são adotados por sistemas suplementares de saúde de outros países com foco na qualidade dos serviços e podem ser adaptados à realidade do Brasil.

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Fontes: Agência Nacional de Saúde Suplementar, Agência Brasil, IBGE, Drauzio Varella, DOC Academy e Instituto de Estudos de Saúde Suplementar.

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