Antidepressivo: como não ter recaídas ao parar tratamento?

13 de novembro de 2021 4 mins. de leitura
Estudo publicado na Inglaterra investiga a probabilidade de uma piora do quadro depressivo após interromper uso de medicamentos

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Estudo publicado no The New England Journal of Medicine mostra que pode não haver uma correlação direta entre a paralisação da medicação contra depressão e recaídas. Na pesquisa realizada, 44% das pessoas que pararam gradativamente de tomar antidepressivo não tiveram novos casos de depressão no ano seguinte. Das pessoas que continuaram tomando a medicação, 39% tiveram novos casos.

A pesquisa

O estudo foi realizado na Inglaterra com 478 pacientes que tomavam algum tipo de antidepressivo a mais de dois anos e que estavam prontos para interromper a medicação. Para isso, foram divididos em dois grupos, um que parou a medicação em dois meses e outro que continuou o tratamento. 

Pesquisa mostrou que em uma década o uso de antidepressivos praticamente dobrou no Reino Unido. (Fonte: okskaz/Shutterstock/Reprodução)
Pesquisa mostrou que em uma década o uso de antidepressivos praticamente dobrou no Reino Unido. (Fonte: okskaz/Shutterstock/Reprodução)

Dos que pararam a medicação, 56% se sentiram deprimidos por mais de duas semanas novamente ou experimentaram crises de abstinência da medicação, que pode ser confundida com algum sintoma de depressão. 

Mesmo assim, apenas metade destes decidiu voltar a medicação, no final do estudo 59% dos pacientes que pararam a medicação conseguiram ficar sem nenhum antidepressivo. Entre os que não interromperam o tratamento, 39% voltaram a experimentar sintomas.

Os médicos não conseguiram determinar o que faz com que alguns pacientes sejam bem-sucedidos em abandonar os medicamentos e outros não, mas todos são categóricos ao afirmar que a interrupção deve ser gradativa e acompanhada por profissionais qualificados.

Dúvidas comuns sobre recaídas após o tratamento da depressão

É normal ter recaída da depressão?

Sim, estudos sugerem que 50% dos pacientes que se curam de uma depressão podem ter uma recaída. Quem já teve o episódio duas vezes tem 70% de chance de voltar a ter sintomas, por isso muitos tratamentos de depressão costumam ser de longa duração.

Quais os sintomas da recaída da depressão?

Quando se interrompe um tratamento com algum tipo de antidepressivo é preciso ficar atento para não confundir a crise de abstinência com uma recaída. A abstinência pode causar:

  • náusea;
  • tremores;
  • dores de cabeça;
  • ansiedade;
  • fadiga;
  • vômitos;
  • calafrios.

Já para diagnosticar a depressão é necessário que se apresente, por mais de duas semanas, um ou mais, dos sintomas abaixo:

  • alteração no humor e tristeza profunda;
  • sentimentos de dor, culpa, amargura;
  • baixa autoestima;
  • distúrbios de sono;
  • distúrbios de apetite;
  • problemas psicomotores;
  • alteração da libido;
  • perda de interesse por atividades outrora prazerosas ou cotidianas.

Como lidar com recaída de depressão?

Como não é raro que pacientes curados de depressão apresentem recaída é importante sempre cuidar da saúde mental. Uma vez interrompida a medicação a continuidade do tratamento com um psicólogo é fundamental, e — como a depressão é uma doença que afeta a parte física também — é importante manter bons hábitos de sono, de alimentação e a prática regular de atividades físicas.

Bons hábitos de sono, alimentação e exercícios físicos ajudam a combater a recaída da depressão. (Fonte: Shutterstock)
Bons hábitos de sono, alimentação e exercícios físicos ajudam a combater a recaída da depressão. (Fonte: Shutterstock)

Em casos de recaída é fundamental procurar um médico, preferencialmente que já conheça seu histórico,

Quanto tempo dura uma recaída?

Não há uma resposta exata para essa questão. Assim como os tratamentos, os efeitos da depressão tendem a ser bastante individualizados. O que se sabe é que a maioria dos casos de recaída costuma acontecer quando não se segue o tratamento corretamente e quando se interrompe o tratamento sem o devido acompanhamento médico.

Fonte: ScienceDirect, BBC, AssisteMed, PebMed, Dráuzio Varella, Cochrane, Cuidados pela Vida, Vittude. 

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