Como enfrentar o desafio da obesidade infantil no Brasil

16 de março de 2020 4 mins. de leitura
Com o significativo aumento no número de crianças obesas no País, é preciso pensar em formas para frear a doença

A Organização das Nações Unidas (ONU) classificou a obesidade como uma epidemia no Caribe e na América do Sul. Com o crescente número de afetados pela doença, a taxa de crianças obesas teve significativo aumento, incluindo no Brasil.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada 10 pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 5 anos e 9 anos de idade, três estão acima do peso, o equivalente a 4,4 milhões de crianças. Do total de pequenos examinados, 2,4 milhões estão com sobrepeso, 1,2 milhão tem obesidade e 755 mil já sofrem com obesidade grave.

Essa condição na infância pode causar consequências como hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas que podem levar a uma morte precoce. Um estudo do Ministério da Saúde (MS) aponta que crianças acima do peso têm 75% mais chances de se tornarem adultos obesos, e crianças já obesas têm 89% de chance de continuarem obesas na vida adulta.

Apesar do excesso de peso, o problema pode andar junto à desnutrição. Isso acontece por conta da má alimentação na infância, muitas vezes baseada em sódio, açúcares e gorduras, ao invés de nutrientes importantes para o corpo. Cada vez mais cedo, refrigerante, fast-food e produtos industrializados entram na dieta infantil.

Como melhorar a alimentação das crianças?

(Fonte: Freepik)

O ganho de peso tem se mostrado uma das consequências da vida moderna. Na correria do dia a dia, passou a ser normal não ter mais tempo para sentar à mesa e fazer uma refeição saudável. Lanches rápidos substituíram o clássico arroz com feijão, e crianças não ficam fora dessa. Com pais mais atarefados, os filhos acabam comendo mais alimentos processados e fast-food.

A culpa da má alimentação na infância não é restrita aos tempos modernos e aos pais. Comidas industrializadas tendem a ser mais baratas do que as saudáveis e orgânicas, então o desafio é reeducar a população. O Ministério da Saúde lançou a campanha “1, 2, 3 e já! Vamos prevenir a obesidade infantil”, e uma das etapas é dedicada à alimentação, incentivando opções mais saudáveis à mesa e mantendo a regulação de propagandas infantis que envolvem comida.

A amamentação também é um dos grandes focos da campanha. O aleitamento materno nos primeiros meses de vida ajuda na prevenção de diversas doenças, inclusive da obesidade, já que, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, durante a amamentação o bebê aprende a controlar a saciedade e o apetite.

O programa “1, 2, 3 e já! Vamos prevenir a obesidade infantil” fornecerá um guia com indicações específicas para a alimentação de crianças abaixo dos 2 anos de idade. O material foi produzido para auxiliar os pais a saberem os alimentos mais adequados para seus pequenos, seguindo a regra “descascar mais e desembalar menos”.

Sedentarismo infantil

(Fonte: Freepik)

Além da má alimentação, outro aliado da obesidade infantil é o sedentarismo. Crianças passam cada vez mais tempo em frente a telas e jogos eletrônicos ao invés de brincarem e se exercitarem ao ar livre. E a falta de movimentação traz consequências imediatas e para a vida adulta. Mudanças de hábito realizadas na infância ajudam a melhorar a qualidade de vida e a preservar a saúde no futuro.

Além de contribuir para o sedentarismo, o uso de celulares e as horas na frente da TV tornam os pequenos mais suscetíveis a verem propagandas de comidas nada saudáveis.

Em campanha contra a obesidade infantil, a OMS passou a recomendar um limite de 60 minutos diários de atividades passivas no celular para crianças de até 5 anos de idade. Para bebês com menos de 12 meses, o limite cai para zero. O órgão orienta que crianças de 1 ano a 4 anos devem estar ativas por pelo menos 180 minutos por dia.

Fontes: OMS, ONU, Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria.

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