Como homens podem lidar com casos de depressão?

17 de março de 2020 4 mins. de leitura
Desinformação é a principal causa da alta taxa de suicídios e da baixa procura por ajuda psicológica

Doença que acomete mais de 264 milhões de pessoas no mundo, a depressão é responsável por cerca de 800 mil mortes por suicídio todos os anos. Mesmo que exija atenção, de 76% a 85% das pessoas de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento não recebem tratamento para o transtorno por falta de recursos e de acesso à informação.

Os mais afetados pela condição são jovens de 15 anos a 29 anos de idade, que lideram os rankings de mortes atribuídas à depressão. Entre os homens, os números são ainda mais alarmantes: dados do Ministério da Saúde indicam que eles representam quatro vezes mais casos, chegando a 9,2 suicídios a cada 100 mil — a taxa de mortalidade para mulheres é de 2,4.

Os perigos da desinformação

Para esclarecer qual é a visão dos brasileiros sobre a doença, o Ibope Conecta realizou um levantamento que contou com a participação de 2 mil pessoas com mais de 13 anos de idade, publicado como Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a saúde mental. A desinformação é apontada como o principal problema recorrente.

Por exemplo, 30% dos entrevistados do sexo masculino acreditam que a depressão está relacionada à falta de fé ou não sabem avaliar se isso é verdade; 55% creem que atitude positiva e alegria de viver são suficientes para enfrentar a condição. Muitos ignoram a necessidade de tratamentos medicamentosos e de terapia e um em cada cinco rejeitariam antidepressivos mesmo que fossem receitados por profissionais.

Outra percepção que prejudica o esclarecimento quanto ao tema está ligada à personalidade: 29% dos homens acreditam que depressão é demonstração de fraqueza e não estão convencidos de que isso, na verdade, é um mito.

Sintomas

(Fonte: Pexels)

É importante observar os sinais recorrentes da doença e incentivar aqueles que os apresentam a falarem sobre o assunto. Também é preciso ser paciente, já que as mudanças comportamentais geralmente levam a dificuldades de relacionamento.

Apesar de existirem componentes genéticos ligados ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas, fatores presentes no dia a dia são grandes responsáveis. Quando se manifesta, a depressão geralmente tem sintomas e comportamentos recorrentes, tais como:

  • tristeza, desesperança ou solidão;
  • cansaço frequente;
  • dificuldade para dormir ou excesso de sono;
  • falta de prazer em atividades que antes causavam a sensação;
  • comportamento de fuga;
  • sintomas físicos, como dores de cabeça e de estômago;
  • problemas com álcool ou drogas;
  • comportamento controlador, violento ou abusivo;
  • irritabilidade ou raiva;
  • comportamentos de risco, como direção agressiva.

Vale lembrar que não há exatamente uma regra para a manifestação desses sintomas. A falha de diagnóstico entre os homens pode ter várias causas, como relutância em compartilhar o que estão passando, confusão dos sintomas, que podem ser encarados como algo sem importância, negação dos problemas e resistência a tratamentos.

Como superar a depressão?

(Fonte: Pexels)

Diante desse cenário, é imprescindível que a educação em escolas, hospitais, unidades de saúde e empresas seja desenvolvida de forma que também englobe informações sobre doenças psicológicas. Além disso, é importante que profissionais de saúde estejam aptos a identificar os sinais que levam a tentativas de suicídio, já que representam a primeira linha de atendimento e estão mais próximos dos pacientes.

Por fim, há dicas básicas para superar esse obstáculo, como não ter receio de procurar apoio e se dedicar a hábitos de vida saudáveis. Também é preciso clareza na comunicação e apontar mudanças de comportamento sem julgamento, sugerir check-ups, oferecer companhia para consultas com profissionais de saúde mental e encorajar a identificação de problemas — passos que podem fazer a diferença para alguém próximo.

Há, ainda, serviços de suporte disponíveis, como o Centro de Valorização da Vida, que atende voluntária e gratuitamente a todas as pessoas que querem e precisam conversar, em total sigilo, por telefone, email ou chat 24 horas todos os dias.

Fontes: World Health Organization, Mayo Clinic, Centro de Valorização à Vida, The Guardian, Medical News Today.

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