Como matar células cancerígenas de fome?

2 de fevereiro de 2023 3 mins. de leitura
Alimentação com baixa ingestão de proteínas pode ser nova arma contra o câncer de cólon

Encontrar a cura para o câncer é uma das maiores motivações da medicina moderna. A doença é uma das dez condições que mais mataram nos últimos 20 anos e segue fazendo milhões de vítimas no mundo todo.

Tumores malignos podem ocorrer em diversas partes do corpo, sendo o cólon uma das mais afetadas. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de cólon e reto foi o terceiro tipo mais comum no Brasil em 2022.

Mas existe uma boa notícia: uma pesquisa recente obteve resultados interessantes relacionando a morte de células cancerígenas a uma dieta com baixa ingestão de proteína. Esse novo hábito alimentar seria capaz de “matar de fome” as células afetadas geneticamente e assim tornar o tratamento mais eficaz.

Como foi feito o estudo?

O estudo foi realizado na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e se baseou no fato de que um complexo proteico conhecido como mTORC1 é fundamental para o crescimento celular e pode ser visto como um regulador do crescimento. Ele permite que as estruturas celulares possam identificar e usar diversos nutrientes, o que inclui as células cancerígenas. Na ausência desse complexo, essas estruturas têm dificuldade de manter um crescimento ordenado, o que aumenta as chances de se controlar o tumor.

“No câncer de cólon, quando você diminui os nutrientes disponíveis no tumor, as células não sabem o que fazer. Sem os nutrientes para crescer, elas passam por um tipo de crise que leva a uma morte celular massiva”, disse Yatrik M. Shah, professor de Fisiologia da Universidade de Michigan.

Câncer de cólon é um dos mais comuns no Brasil
Câncer de cólon é um dos mais comuns no Brasil. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Os trabalhos, que foram realizados em ratos de laboratório, descobriram que uma dieta de baixa proteína é capaz de inibir a via de sinalização de nutrientes que aciona o regulador de crescimento das células cancerígenas. O mTORC1 é especialmente ativo em tumores com determinadas mutações e costuma estar associado a tipos de câncer que resistem ao tratamento tradicional.

O maior entrave agora é a transição de um estudo laboratorial para um processo clínico, no qual a dieta será testada em pacientes humanos. “Colocar pacientes de câncer em uma dieta de baixa proteína por longos períodos não é o ideal. Mas, se você puder encontrar janelas específicas, como o início da quimioterapia, quando os pacientes podem aguentar a dieta por uma semana ou duas semanas, existe a chance de aumentar a eficácia dos tratamentos”, completou Shah.

Nova dieta representa esperança para pacientes com câncer, mas é necessário ter cautela
Nova dieta representa esperança para pacientes com câncer, mas é necessário ter cautela. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Pacientes com tumores em estágios avançados e em processo de tratamento químico costumam ter fraqueza muscular e perda de peso, o que pode tornar a janela citada pelo professor ainda menor. Novos estudos devem ser realizados com outros tipos de células cancerígenas. O avanço nos tumores de cólon, porém, já indica um possível futuro do tratamento e da prevenção de vários tipos de câncer.

Fonte: Science Daily, INCA, OMS

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