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Um trabalho científico, publicado na Nature Communications, mostra que as associações negativas entre ingestão de álcool e os danos à saúde e à estrutura do cérebro já são aparentes em indivíduos que consomem em média apenas uma a duas unidades diárias de bebida alcoólica.
O consumo excessivo de álcool tem sido associado à atrofia cerebral, perda de neurônios e menor integridade das fibras da substância branca. No entanto, os dados ainda são limitados sobre as consequências do consumo leve a moderado.
Para aprofundar essa questão, um grupo de cientistas liderado pela Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) pesquisou as associações entre a ingestão de álcool e a estrutura cerebral usando dados de imagens do UK Biobank, que armazena informações de meio milhão de pessoas.
Estudo amplo sobre consumo de álcool
A pesquisa analisou a ingestão de álcool e a estrutura cerebral de 36.678 adultos saudáveis com idade entre 40 e 69 anos no Biobank que tinham dados disponíveis em setembro de 2020.
Os participantes responderam a perguntas sobre informações demográficas, de saúde e do seu consumo de álcool em unidades, incluindo vinho, champanhe, cerveja, cidra, destilados e outras bebidas. Uma garrafa de cerveja foi considerada duas unidades de álcool, enquanto uma dose única de 25 mililitros de destilados foram tidos como uma unidade.
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Limitações
A análise realizou um controle de diversos fatores, como idade, altura, sexo, tabagismo, status socioeconômico, ascendência genética e município de residência.
Além disso, dados de imagens do cérebro incluíram avaliações estruturais, como por ressonância magnética funcional (FMRI) em repouso e baseada em tarefas e imagens de difusão.
Apesar da amplitude, os pesquisadores apontam que apenas pessoas de meia-idade com ascendência europeia participaram do estudo e o histórico delas de transtorno por abuso de álcool não foi verificado. Os relatos de consumo podem ter sido influenciados pela subnotificação.
Danos ao cérebro
Os pesquisadores separaram os participantes por níveis médios de consumo e observaram um pequeno padrão. Os volumes de matéria cinzenta, responsável por interpretar os impulsos nervosos, e branca, que transmite as informações do cérebro para o corpo, foram reduzidos.
Cerca de 90% de todo o volume de matéria cinzenta foi impactado de alguma forma pela ingestão de álcool, concluíram os estudiosos. A matéria branca, em seus sistemas mais profundos, também sofreu com a ingestão de bebida alcoólica.
Diversas regiões do cérebro foram atingidas pelo consumo de bebida alcoólica. Os córtices frontal, parietal e insular foram os mais afetados. No entanto, houve alterações importantes nas regiões temporal e cingulada. Os pesquisadores também observaram associações no tronco cerebral, putâmen e amígdala.
Envelhecimento precoce
A relação ficou ainda mais evidente com o aumento do nível de consumo. Os pesquisadores descobriram que passar de zero para uma unidade não afetou tanto o volume cerebral. Contudo, sair de uma para duas ou duas para três unidades por dia está relacionado a reduções tanto na substância cinzenta quanto na branca.
Como exemplo, em pessoas de 50 anos, à medida que o consumo médio entre os indivíduos aumentou de uma unidade de álcool por dia para duas, houve mudanças no cérebro equivalentes a envelhecer dois anos. Sair de duas para três unidades é semelhante a envelhecer três anos e meio.
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Fonte: Nature Communications, Science Daily, UK Biobank.