Pesquisa mostra que vacina contra herpes-zóster pode reduzir o risco de demência - Summit Saúde

Pesquisa mostra que vacina contra herpes-zóster pode reduzir o risco de demência

5 de abril de 2025 5 mins. de leitura

Estudo publicado na revista Nature aponta que proteção em mulheres vacinadas seria ainda mais pronunciada do que em homens Por Ani Freedman (Fortune) – editada por Mariana Collini em 05/04/2025  Ser vacinado contra a doença viral herpes-zóster, que causa uma erupção cutânea dolorosa, pode potencialmente ser a próxima ferramenta na prevenção da demência, segundo um […]

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Estudo publicado na revista Nature aponta que proteção em mulheres vacinadas seria ainda mais pronunciada do que em homens

Por Ani Freedman (Fortune) – editada por Mariana Collini em 05/04/2025 

Ser vacinado contra a doença viral herpes-zóster, que causa uma erupção cutânea dolorosa, pode potencialmente ser a próxima ferramenta na prevenção da demência, segundo um novo estudo publicado na revista Nature. Conduzida pela Stanford Medicine, a pesquisa descobriu que, entre os idosos galeses, aqueles que receberam a vacina contra herpes-zóster tiveram uma probabilidade menor de desenvolver demência nos sete anos seguintes do que aqueles não vacinados.

Os pesquisadores estudaram o programa de vacinação contra herpes-zóster do País de Gales, iniciado em 2013, em que os adultos com menos de 80 anos eram elegíveis, mas aqueles com 80 anos ou mais não. Eles analisaram os registros de saúde de mais de 280 mil idosos de 71 a 88 anos que não tinham demência no início do programa, focando naqueles mais próximos de um lado ou outro do limite de elegibilidade — comparando pessoas que completaram 80 anos na semana anterior com aqueles que fizeram 80 anos na semana seguinte.

Nos sete anos seguintes, os pesquisadores acompanharam a saúde dos participantes para verificar a ocorrência de demência. Até 2020, um em cada oito participantes — naquela época com idades entre 86 e 87 anos — havia sido diagnosticado com o quadro. Mas aqueles que receberam a vacina contra herpes-zóster tiveram 20% menos probabilidade de desenvolver demência do que aqueles que não receberam.

“Foi um achado realmente marcante”, disse o autor sênior do estudo, Pascal Geldsetzer, em um comunicado à imprensa. “Esse enorme sinal de proteção estava lá, de qualquer forma que você olhasse para os dados.”

O estudo também mostrou que mulheres vacinadas tiveram uma proteção mais pronunciada contra demência do que os homens. Geldsetzer apontou que isso poderia ser devido a diferenças naturais na resposta imune entre os sexos e como a demência se desenvolve. Por exemplo, as mulheres geralmente têm respostas de anticorpos mais altas à vacinação, e herpes-zóster é mais comum em mulheres do que em homens.

Também é importante destacar que adultos que recebem vacinas tendem a ter outros hábitos saudáveis que ajudam a prevenir a demência, como se exercitar e manter uma dieta saudável.

Os pesquisadores exploraram outras variáveis que poderiam ter influenciado o risco de demência, mas não encontraram nenhuma. Por exemplo, não houve diferença nos níveis de educação entre os elegíveis e não elegíveis, e aqueles que eram elegíveis não eram mais propensos a receber outras vacinações ou tratamentos preventivos. Eles também tinham a mesma probabilidade de ser diagnosticados com outras condições de saúde, como diabetes, doenças cardíacas e câncer.

A única diferença que encontraram entre os dois grupos foi a queda nos diagnósticos de demência.

Os achados apoiam a ideia de que vírus que afetam o sistema nervoso, como herpes-zóster, podem aumentar o risco de demência. E com mais pesquisas, os médicos podem estar mais próximos de uma intervenção preventiva eficaz para o quadro.

O que é herpes-zóster?

Herpes-zóster é uma doença inflamatória que afeta o sistema nervoso. Ela se desenvolve em pessoas que já tiveram varicela (catapora) — causada pelo vírus varicela-zoster — quando esse vírus é reativado no corpo.

Pessoas com herpes-zóster normalmente experienciam uma erupção cutânea dolorosa, com coceira ou sensação de formigamento em um lado do corpo. O vírus pode levar a complicações de longo prazo, como dor nos nervos e perda de visão.

Qualquer pessoa que já teve catapora está em risco de desenvolver herpes-zóster. Adultos acima de 50 anos são agora orientados a receber uma vacina nova e mais eficaz do que aquela do estudo (no Brasil, o imunizante é oferecido em clínicas particulares).

Um estudo anterior, publicado na revista Alzheimer’s Research & Therapy, também apontou que o herpes-zóster poderia aumentar o risco de alguém desenvolver demência em cerca de 20%.

Como herpes-zóster é um vírus que impacta o sistema nervoso, os pesquisadores acreditam que ele poderia contribuir para o declínio cognitivo por meio da neuroinflamação, inflamação dos vasos sanguíneos no cérebro — que causa coágulos e impede o fluxo sanguíneo —, dano direto aos neurônios e a ativação de outros herpesvírus, como o vírus herpes simples tipo 1, que também foi associado ao aumento do risco de demência.

Para diminuir o risco de herpes-zóster, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos recomenda que adultos com 50 anos ou mais recebam duas doses da vacina recombinante (RZV, Shingrix) para prevenir a doença e complicações relacionadas. Ele também recomenda a Shingrix para adultos com 19 anos ou mais que tenham sistemas imunológicos enfraquecidos devido a doenças ou terapias.

(No Brasil, a vacina é indicada para adultos a partir dos 50 anos, imunocomprometidos e pessoas com risco aumentado para herpes-zóster a partir de 18 anos. O esquema é composto por duas doses, com intervalo de dois meses entre elas.)

Este texto foi originalmente publicado em Fortune.com. Ele foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

https://www.estadao.com.br/saude/vacina-contra-herpes-zoster-pode-reduzir-o-risco-de-demencia-mostra-estudo/

Foto: Angelov/Adobe Stock

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