Brasil vai na contramão de taxa mundial, e profissionais de saúde são grupo de risco
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De acordo com o relatório da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o número de mulheres que cometem suicídio cresceu 45,7% entre 2009 e 2018 no Brasil. Na população masculina, a taxa subiu 33%. No total, cerca de 12 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos.
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Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que o Brasil esteve na contramão da tendência mundial. Enquanto a média global caiu em 9,8%, os índices de suicídio a cada 100 mil habitantes subiu 7% no território brasileiro.
Os números dão ainda mais destaque para o Setembro Amarelo, mês destinado a falar sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.
O aumento nos casos de suicídio chama a atenção, sobretudo durante a pandemia. As condições atípicas de vida geradas pela covid-19 pode ser responsável por abalar o estado psicológico da população, principalmente daqueles em isolamento social ou com grande carga de trabalho.
Esse é um fator que tem colocado as profissionais de saúde em iminência quando o assunto é suicídio. Enquanto precisam focar suas atenções para trabalhar na linha de frente no combate ao vírus, muitas delas ainda têm um papel fundamental dentro de casa.
“Além do esgotamento por questões profissionais e o estresse inerente ao exercício da medicina, devemos lembrar que as mulheres têm uma sobrecarga por jornadas múltiplas de trabalho. Principalmente, as que têm filhos hoje dentro de casa, sem poder ir à escola, em função da pandemia. Além das elevadas cargas conhecidas, sobrepõem-se as oriundas desse atual momento de saúde”, ressaltou a Diretora de Defesa e Valorização Profissional da Febrasgo, Maria Celeste Weber, para o portal oficial da Federação.
A sobrecarga acaba sendo responsável por gerar a síndrome de burnout, que é quando um indivíduo sente um esgotamento excessivo gerado pelo ambiente de trabalho. Junto à depressão, essa síndrome se enquadra como uma das tendências suicidas.
A OMS estima que 20% dos suicídios globais ocorrem por autoenvenenamento com o uso de pesticidas, sendo o terceiro método mais comum de mutilação depois de enforcamento e o uso de armas de fogo.
Segundo os dados do Ministério da Saúde, cerca de 12 mil brasileiros tentaram se matar utilizando agrotóxicos de 2007 a 2017, resultando em 1.582 mortes. O levantamento da ONG Unearthed, financiada pela Greenpeace, indica que o Brasil é o principal mercado de pesticidas altamente perigosos.
Em comparação com as intoxicações medicamentosas, o uso de agrotóxicos está envolvido em dez vezes mais mortes por suicídio. A pasta do governo confirmou que 12% das tentativas de mortes autoprovocadas com a utilização de agroquímicos foram letais.
Os moradores das regiões rurais brasileiras fazem parte da parcela da população com maior acesso às substâncias, chamando atenção das autoridades médicas.
O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, que acabam fazendo parte de um grupo em situação de vulnerabilidade. Os distúrbios mentais, como a depressão e o abuso de álcool, estão altamente relacionados com as tendências à automutilação.
Porém, esse é um fenômeno que pode afetar indivíduos de todas as classes, raças, idades e orientações sexuais, por isso demanda muito cuidado. A principal etapa para combater a “epidemia” de suicídios é saber reconhecer os sinais do próprio corpo.
Manter um acompanhamento terapêutico ou psiquiátrico acaba sendo a melhor solução para manter a saúde mental em dia. Visto que a diminuição do autocuidado figura um sinal de alerta, também é essencial estabelecer uma qualidade de sono, alimentação e de rotina de atividades físicas.
Por fim, o Centro de Valorização a Vida (CVV) é um canal de suporte emocional e prevenção ao suicídio no Brasil. A rede de apoio funciona de maneira gratuita através do telefone 188, e-mail e chat 24 horas todos os dias da semana.
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Fontes: Medicina S/A, Febrasgo, OMS, G1, BBC, Shutterstock.