1 bilhão de jovens podem ter perda auditiva no futuro - Summit Saúde

1 bilhão de jovens podem ter perda auditiva no futuro

26 de dezembro de 2022 4 mins. de leitura

Estudo concluiu que 24% das pessoas entre 12 anos e 34 anos escutam música em volume além do saudável

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Os fones de ouvidos estão cada vez mais presentes na sociedade. São diversas marcas, tipos e valores desses aparelhos que são usados principalmente pelos jovens, que não saem de casa sem a música favorita. No ônibus, na academia ou na rua, é quase impossível não ver alguém usando um fone de ouvido. Porém, esse novo hábito pode ser a causa de um grave problema de saúde nos próximos anos: a perda auditiva.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 430 milhões de pessoas têm algum tipo de dano na capacidade auditiva. Um estudo recente da BMJ Global Health afirma que mais de 1 bilhão de jovens estão sob o risco de perder a audição no futuro. O principal motivo é a exposição a volumes muito altos durante longos períodos não apenas nos fones de ouvido, mas também em baladas, shows e bares sem controle adequado de intensidade sonora.

Níveis saudáveis

O estudo da BMJ compilou 33 pesquisas mundiais realizadas com mais de 19 mil pessoas entre 12 anos e 34 anos. Os pesquisadores concluíram que 24% dos participantes escutavam música acima do volume seguro e que, por isso, a perda auditiva poderia atingir até 1,3 bilhão de pessoas no futuro.

O volume seguro para adultos escutarem músicas, vídeos e podcasts é de 80 decibéis (dB), enquanto crianças têm limite de 75 dB. No entanto, os estudos mostram que jovens que usam fones de ouvido diariamente optam por volumes muitas vezes maiores do que 105 dB.

Fones de ouvido já fazem parte do cotidiano das pessoas. (Fonte: Freepik/Reprodução)

O problema dos fones

A maioria dos fones disponíveis no mercado não apresenta um bom cancelamento de ruídos externos, o que leva as pessoas a aumentar o volume quando entram em ambientes barulhentos, como no transporte público. Os fones mais simples também costumam ter as frequências médias e agudas mais exageradas, o que faz que os usuários sofram ainda mais com o volume acima do limite saudável.

O problema é que, diferentemente dos sistemas de som de shows e baladas, os fones de ouvidos estão presentes na rotina das pessoas. Isso leva a uma exposição constante e perigosa, já que, se praticada durante muitos anos, pode gerar danos permanentes.

A melhor opção, portanto, é investir em um fone de qualidade, com boa capacidade de isolamento sonoro. Muitos deles hoje têm tecnologia de redução de ruídos ativa, que diminui ainda mais os barulhos externos. O problema é que esses modelos são caros, por isso ainda são inacessíveis para a maior parte da população.

Fones intra-auriculares podem ser ainda mais perigosos pela baixa capacidade de isolamento externo. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Novas recomendações

Pensando nesse problema, a OMS lançou uma série de recomendações para combater a crescente ameaça de perda auditiva direcionada a ambientes e produtores de eventos:

  1. manter o nível sonoro máximo de 100 decibéis;
  2. fiscalizar e calibrar equipamentos de som para que não saiam do controle;
  3. melhorar a acústica dos ambientes, permitindo melhor audição em volumes mais baixos e com menos ruídos externos;
  4. disponibilizar proteção auditiva individual para o público, com instruções de uso;
  5. criar zonas silenciosas para evitar exposição contínua a altos níveis sonoros;
  6. informar trabalhadores dos possíveis riscos de perda de audição.

É reversível?

A perda auditiva por exposição a volumes muito intensos costuma ser irreversível, caso ocorra dano às células do ouvido interno. Ela é chamada de perda auditiva neurossensorial e pode ser parcial ou total. Infelizmente, é muito comum músicos terem danos permanentes no ouvido interno, por isso é tão importante que haja a prevenção, limitando ao máximo a exposição.

Fonte: The Guardian, Science

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