Pesquisadores britânicos desenvolveram um teste para diagnosticar câncer de próstata com mais precisão utilizando açúcares complexos
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Os estudos para detectar câncer de próstata tiveram um avanço significativo. Pesquisadores da Universidade de Birmingham criaram um teste que utiliza açúcares complexos para identificar a doença de forma mais antecipada e minuciosa. O resultado foi publicado na Advanced Functional Materials, e a tecnologia foi patenteada pela University of Birmingham Enterprise.
O exame identifica açúcares conhecidos como glicanos no sangue do paciente, componentes-chave da pesquisa, porque são ligados a moléculas de proteína (PSA), conhecidas por sofrerem mudanças sutis quando o câncer está no organismo. Já se sabia que tipos de glicanos eram associados a diferentes cânceres, mas não havia tecnologia para detectá-los de forma eficaz.
“Uma molécula PSA pode ter 56 açúcares ligados a ela, mas apenas 4 associadas ao câncer de próstata. Com esse teste, nós podemos identificá-las com precisão” disse a professora Paula Mendes, líder do estudo, ao ScienceDaily.
Os cientistas utilizam material de carboidrato sintético para criar um molde do glicano específico, então os “receptores” são colocados em posição em uma superfície para se ligarem a esse componente, não aos outros. A quantidade de glicanos identificados dessa maneira mostra até mesmo quão agressivo é o câncer.
Atualmente, os testes são capazes apenas de indicar o aumento de PSA em amostras de sangue. O problema é que o nível de PSA de um homem pode ser elevado por razões adversas à doença, o que leva a muitos falsos positivos. Além disso, muitos homens com câncer de próstata não têm PSA elevado, o que dificulta a eficácia dos testes atuais.
“Mesmo que esteja em um estágio inicial, essa pesquisa pode tornar a PSA um meio muito mais específico e preciso de não apenas diagnosticar câncer de próstata mas também informar quem precisa de tratamento urgente e qual câncer é menos agressivo e pode ser observado de forma segura”, disse Dr. David Montgomery, diretor de pesquisa do Prostate Cancer UK, em entrevista ao ScienceDaily. A pesquisa foi financiada pela instituição como resultado de uma premiação para inovação em pesquisa.
Além de ser bastante útil para buscar sinais do câncer de próstata no organismo, a tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores britânicos pode ajudar a identificar outros tipos de câncer, como o de ovário. “O câncer de ovário é tipicamente detectado em um estágio muito tardio, quando as opções de tratamento são muito limitadas, por isso as taxas de sobrevivência são tão baixas”, afirmou Mendes. Com a precisão do teste, ela acredita que seja possível aplicá-lo em vários tipos da enfermidade.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 66 mil novos casos da doença sejam registrados entre 2020 e 2022. O número é alarmante, ainda mais considerando que são 62,95 casos a cada 100 mil homens.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 42 mortes ocorrem por dia devido à enfermidade, com 3 milhões de homens diagnosticados com câncer de próstata no Brasil. Quando se trata de mortes de indivíduos do sexo masculino por câncer no País, a doença é a segunda colocada, com cerca de 14 mil óbitos por ano — os dados são de 2019.
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Fontes: Science Daily, Agência Brasil, Correio Braziliense e UOL