Pesquisa buscou entender como os profissionais de saúde estão procedendo para continuar os tratamentos com segurança na pandemia
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Embora os sistemas de saúde em todo o mundo estejam direcionando seus esforços para o combate à pandemia de covid-19, existem outros problemas que continuam precisando de atenção. Além das emergências, é claro, o tratamento do câncer é uma das questões que mais se destacam nesse sentido; afinal, esses pacientes não podem dispensar ajuda médica.
Por outro lado, ao procurar esses serviços em meio a uma pandemia, eles não poderiam estar colocando sua saúde em risco, ainda mais lembrando que o tratamento de câncer pode afetar severamente a imunidade? Um estudo do Anschutz Medical Campus, da Universidade do Colorado (Estados Unidos), se dedicou a essas e outras questões para ajudar profissionais de saúde e pacientes com câncer na manutenção dos tratamentos, com segurança, durante o período de isolamento.
O estudo focou no tratamento do câncer pancreático, considerado um dos mais agressivos. Para isso, os pesquisadores aplicaram questionários a profissionais de 267 centros de câncer pancreático, em 37 países. Foram feitas 36 perguntas gerais sobre o impacto da pandemia de covid-19 nas cirurgias de câncer pancreático, além de outras 21 questões abordando o papel desses tratamentos em tempos de pandemia.
A principal descoberta é que as cirurgias para pessoas com doenças no pâncreas e sem covid-19 continuam sendo prioridades durante a pandemia, mas 62% dos centros de saúde vêm realizando menos procedimentos desse tipo por conta da pandemia.
Embora não seja um consenso, os pesquisadores descobriram que a maioria dos serviços de saúde vêm fazendo triagens nos pacientes, em busca de sintomas da covid-19, antes das cirurgias pancreáticas. Além disso, os pacientes são avisados de perigos adicionais nas cirurgias, causados pela pandemia, como a possibilidade de infecção pelo novo coronavírus Sars-CoV-2 durante a internação e o maior risco de morte por covid-19, em virtude da comorbidade com o câncer e a cirurgia. Por fim, a maioria dos participantes do estudo recomendam que a equipe de cirurgia use proteções adequadas durante os procedimentos, considerando as maiores chances de infecção nesses ambientes.
A ideia dos pesquisadores é que, com base nesses consensos encontrados pela pesquisa, outros centros de saúde possam definir como proceder em relação aos tratamentos de câncer. “É fundamental que haja uma estratégia que dê suporte às decisões dos profissionais de saúde nesse período”, afirma Dr. Marco Del Chiaro, chefe de cirurgia oncológica do Anschutz Medical Campus.
Há outros pontos, por outro lado, que não são consenso entre os especialistas que responderam à pesquisa. O principal deles é a priorização de pacientes diante da realidade de recursos limitados dos hospitais, como leitos em unidades de tratamento intensivo.
A hipótese de priorizar pacientes de covid-19 com um melhor prognóstico em relação àqueles com câncer pancreático foi aprovada por alguns, mas não atingiu 60% de concordância. Contudo, o estudo afirma que “é concebível que haja dificuldade de priorizar pacientes com covid-19 ou câncer pancreático ressecável”, isto é, com mais chances de cura.
Dessa maneira, “a pesquisa revelou diversas constatações de consenso, mas também pontos que precisam de discussões mais profundas”, afirmou o Dr. Atsushi Oba, um dos pesquisadores da Universidade do Colorado e coautor do estudo.
Além dos resultados da pesquisa, oncologistas brasileiros podem se basear nas orientações da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Foi criada uma página em seu site para divulgar os materiais de orientação produzidos pela própria entidade e reunir outros estudos já publicados sobre a relação entre o tratamento de câncer e a covid-19.
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Fontes: Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Science Daily e Universidade do Colorado