Cientistas da USP vão realizar mapeamento genético da população - Summit Saúde

Cientistas da USP vão realizar mapeamento genético da população

10 de março de 2020 3 mins. de leitura

Projeto capitaneado por cientistas vai gerenciar informações genéticas de 15 mil brasileiros

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A medicina de precisão tem ganhado espaço cada vez maior nos últimos anos, e a ciência de dados tende a contribuir cada vez mais com seus avanços. É o que mostra o DNA do Brasil, um novo projeto conduzido por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) com o objetivo recolher informações sobre o genoma de 15 mil brasileiros, revelando-se promissor para uma análise mais completa do perfil genético da população.

O lançamento das informações coletadas pode ser útil na elaboração de novos medicamentos, uma vez que leva em consideração as características genéticas de um grupo maior de pessoas e pode otimizar tanto os diagnósticos quanto os tratamentos oferecidos, contribuindo com uma medicina ainda mais inclusiva.

Além disso, o mapeamento genético tende a facilitar a identificação e mesmo a incidência de determinada doença em um perfil específico de indivíduos, o que também justifica a necessidade de coletar dados sobre a população.

(Fonte: Unsplash)

A importância do mapeamento genético

O estudo pretende revelar diversos aspectos sobre a história da genética de cada indivíduo. Os dados coletados são importantes tanto em nível cultural quanto social no Brasil, sendo que o acompanhamento a longo prazo poderá auxiliar a compreensão de como diversas doenças como pressão alta e diabetes acometem boa parte da população.

Será possível interpretar como o estilo de vida interfere na resposta do organismo, inclusive porque essas informações são cruciais para tornar o banco de dados ainda mais completo.

As pessoas que terão suas informações genéticas coletadas já foram selecionadas e correspondem a um grupo que integrava o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), iniciado em 2008, responsável por monitorar a saúde de servidores públicos com idade entre 35 anos e 74 anos.

A Diagnósticos da América S/A (Dasa), empresa de diagnóstico médico sediada no Brasil, disponibilizou-se a contribuir com parte do financiamento do projeto, fornecendo 3 mil genomas gratuitamente e mais 12 mil a preço reduzido se houver recursos e continuidade das atividades de coleta. Foram investidos R$ 6 milhões na compra de equipamentos.

(Fonte: Unsplash)

Contribuição a nível internacional

O DNA do Brasil também tem como um dos objetivos corrigir as informações depositadas nos bancos de dados internacionais, já que grande parte delas é proveniente dos povos residentes do hemisfério norte, mais especificamente da Europa, que apresentam um perfil genético diferente do brasileiro. Aqui, a miscigenação e a heterogeneidade caracterizam boa parte da população, fruto da mistura de povos africanos, europeus e ameríndios, o que pode trazer amostras complexas em nível genético e mesmo combinações que nunca foram analisadas.

De acordo com um estudo publicado na Revista Cell, quase 80% de todos os genomas registrados são de povos provenientes da Europa, de origem caucasiana. Dados sobre genomas de povos asiáticos, por sua vez, correspondem a 10,22%; de povos africanos e latino-americanos, a participação é de 2,03% e 1,13%, respectivamente.

A expectativa é que o DNA do Brasil possa contribuir com mudanças na disposição desses registros e que os dados coletados possam ser consultados por toda a comunidade científica, para que os interessados em promover melhorias e se debruçar sobre as informações possam acessá-las na nuvem com facilidade.

Fontes: Inovação USP, Science Direct, Jornal USP.

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