Colesterol pode causar aceleramento na progressão da demência

25 de junho de 2021 3 mins. de leitura
Estudo sugere que conversão do colesterol em ácidos biliares pode influenciar no desenvolvimento da demência

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Um novo estudo publicado na PLOS Medicine e feito pelo Instituto Nacional do Envelhecimento de Baltimore, nos Estados Unidos, apresentou mais informações sobre a possível influência do colesterol alto no desenvolvimento de doenças como o Alzheimer.

O documento produzido pelo pesquisador Vijay Varma e seus colegas sugere que o processo de conversão do colesterol em ácidos biliares — também chamado de catabolismo de colesterol — pode exercer um papel fundamental no desenvolvimento da demência.

Influência do colesterol no cérebro

Alterações dos ácidos biliares podem estar ligadas ao surgimento das doenças neurológicas. (Fonte: Andrus Ciprian/Shutterstock)
Alterações dos ácidos biliares podem estar ligadas ao surgimento das doenças neurológicas. (Fonte: Andrus Ciprian/Shutterstock)

Para a realização do estudo, os pesquisadores contaram com mais de 2 mil participantes em dois centros de estudos. Em primeiro lugar, a equipe verificou se certas alterações cerebrais típicas do Alzheimer e da demência vascular estavam de alguma forma conectadas com a quebra metabólica.

Em seguida, testaram se a exposição aos medicamentos bloqueadores da absorção do ácido biliar na corrente sanguínea estaria ligada a um risco aumentado de demência entre mais de 26 mil pacientes do Reino Unido. 

Por fim, eles examinaram 29 autópsias provenientes do Baltimore Longitudinal Study on Aging (BLSA) para determinar se pacientes com Alzheimer apresentavam níveis alterados de ácidos biliares no cérebro. 

Conclusões finais

Os autores do estudo descobriram que o risco de demência vascular era mais alto em pacientes homens que utilizavam drogas bloqueadoras de ácido biliar, o que sugere que o catabolismo do colesterol e a síntese de ácidos biliares fornecem certa influência na progressão da demência por meio dos efeitos específicos de cada sexo nas vias de sinalização do cérebro.

Entretanto, os pesquisadores destacaram que mais estudos suplementares deverão ser feitos para complementar um número relativamente pequeno de autópsias analisadas para a produção do documento. Além disso, estudos experimentais serão necessários para materializar o papel da quebra do colesterol no surgimento da demência. 

Estudos anteriores

Presença de proteína amiloide no cérebro pode ser sinal de Alzheimer. (Fonte: Atthapon Raksthaput/Shutterstock)
Presença de proteína amiloide no cérebro pode ser sinal de Alzheimer. (Fonte: Atthapon Raksthaput/Shutterstock)

Em 2013, um estudo conduzido pela Universidade do Colorado e pelo Linda Crnic Institute já havia demonstrado que o colesterol alto não é um perigo apenas para o coração. 

Com base em estudos sobre síndrome de down e doença de Niemann-Pick C, os especialistas descobriram que os altos índices de colesterol são responsáveis por bagunçar o processo de divisão celular, provocando uma distribuição incorreta de cromossomos duplicados.

Consequentemente, ocorre o acúmulo de células defeituosas portadoras de cópias do cromossomo associado à proteína amiloide, responsável por formar as placas no cérebro características do mal de Alzheimer e da demência. 

De acordo com outro trabalho feito pela Universidade de Kyushu, no Japão, 86% dos indivíduos que têm colesterol alto apresentam placas no cérebro. Enquanto isso, apenas 62% dos pacientes com colesterol baixo apresentavam sinais de acúmulo da proteína amiloide.  

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Fonte: CAPESESP, Science Daily.

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