Como o ômega-3 atua no combate aos tumores malignos?

22 de julho de 2021 4 mins. de leitura
Suplementação de DHA é capaz de sobrecarregar as células cancerosas, auxiliando no controle da doença

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Um estudo recente realizado por pesquisadores da Université catholique de Louvain (UCLouvain) e publicado na revista Cell Metabolism apontou o ômega-3 como um importante aliado no combate aos tumores de câncer. 

Os pesquisadores perceberam que as células tumorais se nutrem de ácidos graxos e quando elas optam pelo DHA acabam morrendo. Consequentemente, em poucos dias, os tumores 3D se desintegram.

O ômega-3 é um tipo de ácido graxo essencial, poli-insaturado, que tem como as principais fontes os peixes de água fria e profunda, como salmão, cavala, arenque, sardinha, truta e atum. Os “ácidos graxos bons” são essenciais para a saúde. Entre os ácidos graxos do ômega-3 está o ácido docosahexaenoico (DHA), importante para o funcionamento do cérebro, da visão e da regulação das inflamações. 

A chave para a descoberta

Pesquisadores da área de Oncologia e Bioengenharia buscaram ácidos graxos capazes de eliminar células tumorais. (Fonte: Pixabay/ jarmoluk/Reprodução)
Pesquisadores da área de Oncologia e Bioengenharia buscaram ácidos graxos capazes de eliminar células tumorais. (Fonte: Pixabay/ jarmoluk/Reprodução)

Em 2016, a equipe que atua na UCLouvain, especializada em oncologia, realizou estudos acerca das células em um microambiente ácido. Nessa situação, percebeu-se que as células tumorais substituem a glicose por lipídeos, como fonte de energia para se multiplicar. 

Em 2020, a equipe juntou suas conclusões a outro estudo realizado por bioengenheiros da mesma universidade, que estavam desenvolvendo fontes de lipídeos nas dietas melhoradas e resolveram avaliar o comportamento de células tumorais na presença de diferentes ácidos graxos. 

A equipe percebeu que as células tumorais acidóticas respondiam de maneiras opostas, dependendo do ácido absorvido, ou seja, enquanto alguns ácidos graxos estimulavam o desenvolvimento das células tumorais, outros acabavam matando-as, como é o caso do DHA.

A realização do estudo

No terceiro dia, as células começaram a crescer e, no 13º, desintegraram-se. (Fonte: Uclouvain/Reprodução)
No terceiro dia, as células começaram a crescer e, no 13º, desintegraram-se. (Fonte: Uclouvain/Reprodução)

Para o estudo, os pesquisadores usaram um sistema de cultura de células tumorais em 3D, chamado de esferoides. Na presença de DHA, os esferoides primeiro crescem e depois implodem. Isso ocorre graças a um fenômeno chamado ferroptose, quando há morte celular ligada à peroxidação de certos ácidos graxos. Assim, quanto maior for a quantidade de ácidos dentro da célula, maior serão as chances de oxidação. 

De maneira prática, a equipe administrou uma dieta enriquecida com DHA para ratos com tumores, e o resultado foi um desenvolvimento significativamente mais lento do câncer em comparação com ratos em dieta convencional. 

O que ocorre é que, normalmente, no compartimento ácido dentro dos tumores, as células armazenam os ácidos graxos em gotículas de lipídios. Assim, eles ficam protegidos da oxidação. 

Porém, em grande quantidade de DHA, a célula fica sobrecarregada, oxida-se e depois morre. Os pesquisadores utilizaram um inibidor de metabolismo lipídico para impedir a formação natural da gotícula, e o fenômeno foi amplificado, confirmando a hipótese trabalhada e abrindo novas possibilidades de tratamento de câncer combinado a essa alternativa. 

Os estudiosos relataram que, para um adulto em tratamento de câncer, é preciso, pelo menos, o consumo diário de 250 mg de DHA. A dieta média da população fornece entre 50 mg e 100 mg desse ácido graxo por dia, portanto abaixo do recomendado. Nesses casos, com aconselhamento do médico, a suplementação pode ser uma alternativa.    

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Fonte: UC Louvain, Nutmed, Science Daily.

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