Covid-19 pode aumentar a incidência de Alzheimer entre idosos

24 de outubro de 2022 4 mins. de leitura
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Pessoas com 65 anos ou mais que testaram positivo para a covid-19 têm até 80% mais chance de desenvolver a doença de Alzheimer em um ano após a infecção. Foi o que concluiu o estudo liderado por cientistas da Universidade Case Western Reserve, dos Estados Unidos, envolvendo mais de 6 milhões de participantes.

Publicada em setembro no Journal of Alzheimer’s Disease, a pesquisa analisou registros de saúde de 6,2 milhões de norte-americanos com idade mínima de 65 anos que receberam algum tratamento médico entre fevereiro de 2020 e maio de 2021, mas que não tinham diagnóstico prévio de doença neurodegenerativa.

Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um deles era composto de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2, enquanto o outro, que representava a maioria dos registros (5,8 milhões), continha aqueles que não tiveram contato com o novo coronavírus.

A relação entre covid-19 e doenças neurodegenerativas é alvo de vários estudos. (Fonte: Unsplash)
A relação entre covid-19 e doenças neurodegenerativas é alvo de vários estudos. (Fonte: Unsplash/Reprodução)

Após analisar os dados, os pesquisadores descobriram maior incidência de Alzheimer nos idosos que tiveram covid-19, doença detectada em 0,68% desse grupo. Já entre aqueles que não entraram em contato com o vírus, a taxa registrada foi quase a metade, ficando em 0,35%.

Risco maior entre as mulheres

No grupo de idosos com maior propensão ao Alzheimer após a covid-19, as chances de apresentar a condição neurológica foram ainda mais elevadas nas pessoas com 85 anos ou mais. Nessa faixa etária, o risco pode chegar a 89% nas mulheres infectadas pelo coronavírus, contra 50% entre os homens na mesma idade, segundo o relatório.

Apesar das descobertas, os pesquisadores não conseguiram esclarecer alguns pontos relacionados à ligação entre o Sars-CoV-2 e o tipo de demência, que também tem sido alvo de outras investigações. Não se sabe, por exemplo, se o vírus é responsável por desencadear o desenvolvimento do Alzheimer ou apenas acelera o surgimento dele.

As mulheres de mais idade requerem maior atenção. (Fonte: Unsplash)
As mulheres com mais idade requerem maior atenção. (Fonte: Unsplash/Reprodução)

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“Os fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença de Alzheimer têm sido pouco compreendidos, mas duas peças consideradas importantes são infecções anteriores, especialmente virais e de inflamação”, afirmou a professora Pamela Davis, coautora do estudo, em entrevista ao site da universidade norte-americana.

Ela também destacou a importância da divulgação da pesquisa em um momento no qual se falava em um possível recuo da incidência da doença por causa da diminuição dos fatores de risco, como problemas cardíacos, obesidade, hipertensão e sedentarismo. “O Alzheimer é uma doença séria e desafiadora”, ressaltou Davis.

Problema a longo prazo

Diante da quantidade de casos de covid-19 nos Estados Unidos e do envelhecimento da população, um eventual aumento de novos diagnósticos de Alzheimer relacionados à infecção pode sobrecarregar os recursos de cuidados da doença no país. Segundo Davis, isso reforça a necessidade de continuar a monitorar os impactos do coronavírus.

Também participante da pesquisa, a professora de Informática Biomédica Rong Xu comentou que a equipe tem planos de continuar a investigar os efeitos de longo prazo da covid-19 no Alzheimer e em outras doenças neurodegenerativas para indicar prevenções e tratamentos. Os grupos mais vulneráveis devem continuar como foco.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião de nossos parceiros especialistas em Saúde.

Fonte: The Independent, Universidade Case Western Reserve Journal of Alzheimer’s Disease

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