Home > Notícias > Inovação > Curativo inteligente pode ajudar grupos de risco contra covid-19
Curativo inteligente pode ajudar grupos de risco contra covid-19
27 de abril de 2020 •5 mins. de leitura
Dispositivo desenvolvido para monitoramento de crianças com câncer pode alertar sobre alterações de temperatura que podem indicar infecções
Uma startup doou cem curativos inteligentes para o Grupo de Assistência de Criança com Câncer (GACC) de São José dos Campos (SP) para o monitoramento de pacientes oncológicos a serem utilizados a partir de julho. O dispositivo wearable se assemelha a um band-aid e é colado na pele para acompanhar em tempo real a temperatura e os batimentos cardíacos do paciente. A tecnologia emite um alerta aos pais e profissionais da saúde caso haja alterações.
A startup Luckie tem como objetivo principal evitar que crianças morram de doenças que se aproveitam da baixa imunidade causada pelo tratamento de câncer, como a infecção causada pelo novo coronavírus. A tecnologia também pode ser utilizada por outras pessoas que estão nos grupos de risco da covid-19.
Segundo a empresa, todos os anos, 12 mil crianças são diagnosticadas com câncer no Brasil. Nos Estados Unidos, esse número alcança 50 mil novos casos anualmente. Em todo o mundo, por ano, 360 mil crianças são diagnosticadas com a doença.
A ideia surgiu após o fundador da empresa e engenheiro mecânico Joel de Oliveira Júnior perder o filho de 2 anos e meio de idade durante um tratamento de neoplasia. O nome da empresa faz referência à palavra sortudo, em inglês, mas também ao nome de seu filho, Lucas.
Depois da experiência pessoal, o engenheiro resolveu dedicar o seu tempo para que outros pais não passem pela mesma situação. Foi então que começou um serviço voluntário para ajudar pacientes no mesmo hospital onde o filho foi tratado, o Grupo de Assistência à Criança com Câncer (GACC).
Para o desenvolvimento da tecnologia, o engenheiro conta com a sociedade do cirurgião Wagner Marcondes, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Rede D’Or, e do administrador William Sousa, presidente do grupo Kainos de inteligência artificial. A startup ainda tem o apoio de algumas empresas, como Murata, Embraer, Volvo, Certisign e Philips.
Internet das Coisas, Big Data e inteligência artificial
O dispositivo, composto por sensor, bateria e antena, utiliza o conceito de Internet das Coisas (IoT), com a interconexão digital de objetivos do cotidiano com a web sem a necessidade de comandos humanos. A IoT é uma rede de objetos físicos, como veículos e edifícios, com tecnologia embarcada capaz de reunir e transmitir dados.
Esse mecanismo é fundamental para o funcionamento do curativo desenvolvido pela Luckie, já que a alteração de temperatura, tanto de febre quanto de hipotermia, é um dos primeiros sinais de infecção no organismo.
(Fonte: Shutterstock)
Sem o dispositivo, os pais tinham de verificar a temperatura da criança em tratamento de três em três horas, inclusive durante a noite. Essa observação é fundamental, pois a morte de pessoas em tratamento de câncer acontece muitas vezes por fatores causados pela baixa imunidade, como uma gripe, e não pela neoplasia em si. Assim, verificar possíveis infecções com antecedência pode salvar a vida do paciente.
O dispositivo faz uma leitura preventiva por meio de inteligência artificial para verificar problemas nos sinais vitais. Caso note alguma alteração, o aparelho dispara um alerta para aplicativos no celular dos pais e da equipe médica. Após receber os avisos, os médicos podem indicar um tratamento, mesmo a distância.
Todas as informações são enviadas para armazenamento em nuvem. E esse conjunto de dados, Big Data de informações das crianças com câncer, pode ser acessado por profissionais da saúde para a realização de pesquisas com o objetivo de diminuir a mortalidade no tratamento.
Coronavírus(Fonte: Shutterstock)
“Se serve para crianças com câncer, serve também para ajudar a salvar vidas em outras doenças, principalmente nessa pandemia da covid-19”, destacou o inventor do dispositivo ao Broadcast Político do Estadão.
A tecnologia pode ser uma ajuda providencial em meio a um número crescente de infecções pelo novo coronavírus e a dificuldade da realização de testes para identificar as pessoas com a doença. A Luckie decidiu melhorar o curativo inteligente para parâmetros que ajudem a salvar pessoas da pandemia de covid-19; além de monitorar a temperatura corporal, a tecnologia pode ser adaptada para medir o grau de oxigenação, uma vez que a infecção pelo novo coronavírus provoca danos nas vias respiratórias.
A startup garante que o dispositivo está pronto para ser usado. A ideia de Oliveira Júnior é monitorar inicialmente grupo de riscos em locais vulneráveis, como favelas, por isso a empresa está dialogando com comunidades, empresários e gestores públicos para implementar a ideia. A tecnologia pode ser utilizada, ainda, para ajudar no encaminhamento de pessoas às unidades de saúde mais próximas.
O produto ainda deve ser aprovado e registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possa ser utilizado em larga escala.
Fonte: Startse, Estadão.
253110cookie-checkCurativo inteligente pode ajudar grupos de risco contra covid-19no