Novo aplicativo coleta dados como mobilidade, tempo de sono, dificuldades cognitivas e timbre de voz para detectar depressão
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Pesquisadores da empresa americana de tecnologia Verily Life Sciences publicaram um estudo na JMIR Mental Health com novas descobertas sobre o uso de smartphones como coletores de dados auxiliares no diagnóstico da depressão. O estudo foi realizado com 600 participantes durante 12 semanas e analisou dados de 20 áreas, como quantidade e qualidade de sono, localização e mobilidade, barulho ambiente e sentimentos em entradas de diário de voz.
Constatou-se então, a correlação na análise de várias informações com os resultados de um teste PHQ-9, um dos questionário mais aceitos como padrão para a detecção da depressão. O estudo apontou que as mais comuns são dificuldades cognitivas, como diminuição de memória e lentidão nos pensamentos, e sono insuficiente e irregular.
O aplicativo tem alguns limites. Não houve, por exemplo, sinal de que ele funcione de forma mais efetiva ou mais rápida do que a aplicação dos questionários comuns. Alguns médicos consultados afirmaram que, após melhorias, o programa pode ser usado como uma das peças para se montar o quebra-cabeça complexo que é o diagnóstico da depressão, mas os dados ainda são embrionários.
Em abril de 2021, médicos da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, publicaram um artigo com o resultado da experiência de um exame de sangue que poderia detectar casos de depressão. Apesar disso, esses testes são ainda experimentais e não amplamente difundidos. O diagnóstico da depressão se dá pela análise do histórico do paciente por psicólogos e psiquiatras.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é uma doença mental que pode afetar todo o corpo e não pode ter sua origem determinada com precisão, mas envolve causas genéticas, psicológicas e sociais.
Um indivíduo com depressão tem seus neurônios e neurotransmissores alterados, o que causa transtornos no humor, como tristeza profunda e desinteresse por qualquer tipo de atividade. Com o agravamento da doença, várias substâncias químicas produzidas pelo cérebro podem ser afetadas, causando efeitos na digestão, na circulação, no sistema imunológico e até problemas de memória e esterilidade.
Existem alguns tipos de depressão que se diferem pela intensidade dos sintomas ou por sua relação com traumas específicos (como na depressão pós-parto). A depressão considerada mais intensa é a chamada clássica ou transtorno depressivo maior, que pode durar anos e causar tristeza, cansaço, problemas para dormir ou sono em excesso, falta de interesse por atividades cotidianas ou extraordinárias e em casos extremos até mutilação e suicídio.
Se você tem contato com uma pessoa depressiva, a principal recomendação é incentivar o tratamento com um profissional (psicólogo ou psiquiatra). Se a pessoa já estiver em tratamento, é importante dar força para que ela continue e, em caso de pacientes medicados, nunca mude ou pare de tomar a medicação sem acompanhamento médico.
Além disso, é importante estar presente, mostrar que está disposto a ouvir sem fazer pré-julgamentos e que os problemas não são “frescuras” ou “exageros”. Também é importante não deixar a pessoa se isolar. Em casos em que há citação a mutilação ou suicídio, é importante procurar ajuda profissional ou de autoridades, pois, ao contrário do que comumente se pensa, muitas vítimas de suicídio dão sinais dos atos que pretendem cometer.
Fonte: Medcity News, JMIR, Scielo, Vittude, Telavita, Boa Consulta, Hospital Santa Mônica, Ministério da Saúde, Medley.