Estudo aponta que obesidade atingirá 50% dos americanos em 2030

1 de abril de 2020 5 mins. de leitura
Pesquisa foi realizada pela Escola de Saúde Pública de Harvard

Um estudo liderado pela Escola de Saúde Pública de Harvard estima que os americanos obesos serão 48,9% da população dos Estados Unidos em 2030, se as tendências atuais continuarem. A pesquisa publicada no New England Journal of Medicine prevê que cerca de um quarto da população terá obesidade grave. Atualmente, 40% dos adultos americanos são obesos e 18% têm obesidade grave. O número total de pessoas obesas no país passaria de 99 para 164 milhões, segundo o estudo.

Esse nível de obesidade significaria 7,8 milhões de casos a mais de diabetes, além de 6,8 milhões de casos de doença cardíaca e derrame coronário, bem como 539 mil casos a mais de câncer do que seria esperado se a obesidade permanecesse em seu nível atual.

Como as projeções foram realizadas

(Fonte: The New England Journal of Medicine/Divulgação)

Os especialistas usaram dados do índice de massa corporal (IMC) informados por mais de 6,2 milhões de adultos que participaram da Pesquisa do Sistema de Vigilância de Fatores Comportamentais dos EUA (BRFSS, em inglês) entre 1993 e 2016. O IMC é calculado dividindo-se o peso de uma pessoa em quilogramas pelo quadrado da sua altura em metros. A obesidade é definida como um IMC de 30 ou mais, e a obesidade grave é um IMC de 35 ou mais.

Para realizar as projeções, os pesquisadores utilizaram regressões multinomiais, um método de probabilidade e estatística que observa uma série histórica de informações para identificar tendências. A grande quantidade de dados coletados no BRFSS permitiu realizar estudos separados por estados, níveis de renda e grupos específicos de populações.

Foram estimadas tendências históricas e projeções da prevalência de cada categoria de IMC de 1990 a 2030, bem como a prevalência de obesidade geral. Também foram feitas estimativas para subgrupos demográficos, como estado de residência, sexo, grupo étnico, renda familiar anual, educação e faixa etária.

Embora o BRFSS forneça informações valiosas, a dependência de medidas corporais informadas pelos participantes subestima a ocorrência de sobrepeso. Assim, os pesquisadores desenvolveram um método de correção de viés das pesquisas do BRFSS. Para tanto, utilizaram os dados coletados juntos a mais de 57 mil pessoas pela Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos EUA (NHANES). Usando os dados do NHANES como modelo, os cientistas ajustaram os dados do BRFSS para corrigir possíveis vieses de autorrelato.

Para testar a precisão das projeções, os pesquisadores restringiram os conjuntos de dados aos anos de 1999 a 2010. Em seguida, repetiram as análises com esse subconjunto de dados e previram a prevalência de cada categoria de IMC em 2016. As previsões foram comparadas com a prevalência observada na pesquisa BRFSS, corrigida pelo viés de autorrelato, em 2016. O exercício permitiu avaliar a precisão da abordagem na previsão de valores futuros, que teve um nível de 95% de confiança.

Grupos que terão maior incidência de obesidade

(Fonte: Shutterstock)

O estudo estima que, em 29 estados americanos, o distúrbio atingirá mais da metade dos adultos. A pesquisa prevê que a doença será mais comum entre mulheres, negros e pessoas de baixa renda. Os pesquisadores disseram ao The Harvard Magazine que as previsões são preocupantes porque os efeitos econômicos e à saúde causam danos sociais.

“A obesidade, especialmente a grave, está associada ao aumento das taxas de doenças crônicas e gastos médicos e tem consequências negativas para a expectativa de vida”, disse Steven Gortmaker, professor da Escola de Saúde Pública de Harvard e orientador da pesquisa. Seriam gastos US$ 66 bilhões adicionais por ano para o tratamento de doenças relacionadas à obesidade, disseram os pesquisadores — o montante aumentaria de 13% a 16% ao ano nas próximas duas décadas.

“A alta prevalência projetada de obesidade grave entre adultos de baixa renda tem implicações substanciais para os futuros custos do Medicaid (programa de saúde social dos EUA)”, afirma o autor principal do estudo, Zachary Ward. “Além disso, o efeito do estigma do peso pode ter implicações de longo alcance para disparidades socioeconômicas, já que a obesidade severa se torna a categoria mais comum de IMC entre adultos de baixa renda em quase todos os estados”, completa Ward.

Os pesquisadores creem que o estudo poderia ajudar a subsidiar a formulação de políticas estaduais. Projeções específicas são importantes devido à considerável variação do distúrbio entre os estados, bem como as implicações financeiras em nível estadual e a oportunidade de intervenções de prevenção da obesidade serem implementadas em um local. Por exemplo, pesquisas anteriores sugerem que os impostos sobre bebidas adoçadas com açúcar têm sido uma intervenção eficaz e econômica para reduzir o número de pessoas obesas.

Fontes: The New England Journal of Medicine, Harvard, Time, Live Science.

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