Estudo discute possibilidade de “pegar” doenças cardíacas - Summit Saúde

Estudo discute possibilidade de “pegar” doenças cardíacas

16 de março de 2020 4 mins. de leitura

Nova teoria indica que doenças como câncer e diabetes também podem ser transmitidas por meio de bactérias que vivem no corpo humano

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Um artigo científico escrito para o jornal Science analisou a possibilidade de enfermidades como câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas serem transmitidas de um indivíduo para outro através de bactérias, fungos e vírus que habitam o corpo humano. O trabalho foi resultado de uma parceria entre o microbiologista canadense Brett Finley e o Instituto Canadense de Pesquisa Avançada (Cifar).

A pesquisa “As Doenças Não Comunicáveis são Comunicáveis?” aborda a influência dos microbiomas no nosso organismo e levanta a hipótese de que os micróbios podem ser responsáveis por transmitir para outros indivíduos doenças que antes não eram consideradas contagiosas.

A influência dos microbiomas

(Fonte: Pixabay)

De acordo com os pesquisadores do Cifar, dados recentes apontam que os nossos microbiomas interferem na dimensão de diversas doenças, como diabetes, Parkinson, problemas cardíacos e câncer. Os microbiomas nada mais são do que a soma dos microrganismos que habitam os tecidos e fluidos humanos.

O trabalho feito pelo Dr. Finley e a equipe do Cifar demonstra que indivíduos com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) costumam sofrer alterações em seus microbiomas. Em animais com a mesma condição, foi constatado que a transmissão de microbioma alterado entre duas cobaias resulta em doenças.

O estudo supõe que as DCNT possam estar atreladas a um componente microbiótico; caso isso seja comprovado, poderia significar que essas doenças se tornam transmissíveis através da comunicação entre microbiomas de pessoas distintas.

Como funciona a composição do microbioma de alguém? O artigo explica que pessoas que vivem juntas costumam apresentar um gênero mais parecido de bactérias dentro de si do que aquelas que vivem separadas. Isso pode ser resultado do compartilhamento do ambiente e da mesma alimentação. Dessa forma, chega-se ao seguinte raciocínio: “é possível que bactérias e fungos tenham um papel maior do que imaginávamos na transmissão e condição de doenças?”.

A apresentação das teorias criadas pela equipe de pesquisadores do Cifar pode ser responsável por incitar o surgimento de mais pesquisas sobre a função dos microbiomas no corpo humano.

Doenças não comunicáveis

(Fonte: Unsplash)

As DCNT são enfermidades decorrentes da genética, do ambiente ou do estilo de vida de uma pessoa. Doenças como câncer, problemas cardiovasculares e no pulmão não podem ser transmitidas de indivíduo para indivíduo, em teoria.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCNT são responsáveis por 41 milhões de óbitos por ano, o que representa 71% de todas as mortes no mundo. Destas, 15 milhões são de pessoas entre 30 anos e 69 anos de idade, com taxa de 85% de falecimentos prematuros em países considerados de baixa ou média renda.

A gravidade desses números fez com que a OMS colocasse a intervenção em casos de doenças não comunicáveis como pauta para o futuro.

A organização espera reduzir em 25% as taxas globais relativas ao risco de mortes precoces em casos de DCNT até o fim de 2025. Os grupos de estudo alertaram a comunidade médica sobre os altos índices de mortalidade desse tipo de doença e informaram que os esforços necessários para reduzir esses números até a meta estabelecida não estão sendo aplicados de maneira correta.

Para combater a mortalidade precoce, a OMS definiu 19 medidas de auxílio aos sistemas de saúde mundiais. Entre eles estão aumento do preço do tabaco, incentivos ao aleitamento materno e políticas de redução de sal na alimentação.

Fontes: Medical News Today, SNS, OMS, ScienceMag, Cifar.

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