Dispositivo é capaz de dar resultado em menos de um minuto com precisão maior do que testes rápidos por imunocromatografia
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Uma das maiores dificuldades no controle da pandemia de coronavírus é a identificação de pessoas infectadas com rapidez, baixo custo e precisão. Até o momento, nenhum dos exames disponíveis no mercado é capaz de oferecer todos esses atributos em uma única solução.
O exame por imunocromatografia, também conhecido como teste rápido, tem alto índice de falsos positivos, o que prejudica sua eficácia. O RT-PCR, considerando o padrão ouro para a identificação do vírus da covid-19, requer tempo de análise de cerca de 24 horas, mas os resultados chegam a demorar duas semanas; além disso, tem elevado custo, o que limita sua aplicação em larga escala.
Agora, um dispositivo portátil desenvolvido por brasileiros é capaz de fazer análises em tempo real de vários patógenos, mas tem como prioridade o coronavírus. Batizado de GRAPH Covid-19, o equipamento foi criado pela Biosintesis, empresa de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
O GRAPH Covid-19 é baseado na tecnologia inovadora de biossensores, que tem aplicações clínicas e até ambientais, sendo usada também na indústria de alimentos. Esses dispositivos podem se tornar aparelhos portáteis e baratos, semelhantes aos utilizados na medição das taxas de glicose no sangue.
Desenvolvidos com base em elementos de reconhecimento biológico, como antígenos e anticorpos, os biossensores aplicados em saúde podem detectar os diferentes tipos de biomarcadores prognósticos e diagnósticos associados a câncer, diabete, Alzheimer, infecções virais e bacterianas. No caso do GRAPH Covid-19, são utilizados biossensores avançados com nanocompósitos de óxido de grafeno, que realizam diagnóstico por meio de chips. Por essa razão, a plataforma utiliza baixo volume de amostra biológica, como uma gota de sangue.
A tecnologia representa uma evolução tecnológica no setor clínico e oferece vantagens em comparação às soluções disponíveis, como o RT-PCR e os testes rápidos por imunocromatografia. O GRAPH gera o resultado em até um minuto, com alta sensibilidade e especificidade e dispensa laboratórios de biossegurança e mão de obra especializada para análise.
O equipamento é totalmente portátil e não necessita de ponto de energia, internet ou estrutura laboratorial. A portabilidade o diagnóstico de coronavírus em qualquer local, desde postos do Sistema Único de Saúde (SUS), drive-thru, regiões remotas e até no controle de portos e aeroportos.
O dispositivo terá produção nacional, sem a necessidade de importação de insumos, permitindo produção em alta escala para atender rapidamente à demanda diagnóstica em todo o Brasil. Os pesquisadores responsáveis avaliam que o equipamento trará muitos benefícios ao monitoramento da pandemia no País, além de apresentar potencial de exportação. A expectativa é que haja redução de custo em torno de 25% em comparação aos testes atuais.
O desenvolvimento do GRAPH Covid-19 foi realizado sob coordenação da Biosintesis em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
O projeto conta com a participação de uma equipe de pesquisadores multidisciplinares, composta por quatro centros de pesquisas: Biotecnologia (CEBIO), Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM), Combustível Nuclear (CECON) e Tecnologia das Radiações (CETER).
A empresa faz parte da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/IPEN, gerida pelo Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), na qual são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para instalação e operação dessas empresas.
O funcionamento básico do equipamento em laboratório já foi comprovado. No momento, os responsáveis pelo exame estão trabalhando na validação de diagnóstico do coronavírus, e os desenvolvedores esperam ter resultados mais robustos no primeiro trimestre de 2021. Deve haver negociação com as esferas governamentais para oferecer o equipamento a hospitais e postos de saúde do SUS, que será o principal foco de atuação da tecnologia.
Quando forem produzidos, os biossensores devem custar em torno de R$ 155 em larga escala. O início da produção está previsto para acontecer a partir do registro da plataforma GRAPH na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e o equipamento deve chegar ao mercado após os testes com os primeiros protótipos em laboratórios e unidades de saúde, o que deve começar em seis meses.
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Fonte: Labnetwork, Jornal da USP.