Dispositivo demonstrou estabilidade e segurança em testes e pode estar no mercado em até cinco anos
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Um grupo de pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um exoesqueleto robótico que pode auxiliar profissionais da área da saúde no tratamento de vítimas de acidente vascular cerebral (AVC). Pesando aproximadamente 11 quilos, o equipamento é composto por um cinto pélvico para fixação no tronco do paciente, juntas posicionadas nas principais articulações das pernas, sensores de força e pequenos motores para impulsionar os movimentos do equipamento, cintas de velcro e um par de sapatos personalizados preso ao aparelho.
De acordo com Adriano Almeida Gonçalves Siqueira, coordenador do estudo e professor do Departamento de Engenharia Mecânica da EESC, em entrevista ao Jornal da USP, o dispositivo consegue identificar com precisão em qual parte do membro inferior o paciente apresenta mais dificuldade, atuando de forma automática na região afetada para ajudá-lo a completar o movimento com base na força feita durante o exercício.
“Um dos diferenciais do nosso exoesqueleto em relação aos disponíveis no mercado é que ele pode ser configurado para tratar várias articulações da perna do paciente ao mesmo tempo, como tornozelo, joelho e quadril. Com essa possibilidade, nós conseguimos proporcionar ao usuário uma recuperação muito mais rápida e eficiente”, defendeu o cientista.
Em 2017, foram registradas 101,1 mil mortes associadas ao AVC, sendo a segunda principal causa de fatalidades no Brasil, em registros do Ministério da Saúde. De acordo com a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV), em decorrência das sequelas desenvolvidas pelo quadro, cerca de 70% das pessoas acometidas pela doença não conseguem ter condições de retomar as atividades profissionais.
Fraqueza ou formigamento no rosto, no braço ou na perna, confusão mental, alterações na fala, na compreensão, na visão e no equilíbrio e dor de cabeça súbita e intensa estão entre os principais sintomas da condição que pode levar ao comprometimento do sistema neurológico e demanda atendimento imediato. Causado por uma falha nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central, o AVC pode ser dividido em dois tipos: isquêmico e hemorrágico.
Após identificado, é necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, com profissionais especializados em diferentes áreas.
Testes realizados em uma pessoa saudável em cima de uma esteira elétrica indicaram estabilidade e segurança no contato entre o ser humano e o robô, além de alto desempenho na transmissão dos dados referentes à força exercida pelo usuário. O aparelho também ajustou o nível de assistência necessária.
“Uma das possíveis sequelas de quem sofre AVC é ficar com o pé caído, situação em que a pessoa o arrasta no chão quando tenta andar. Com os nossos algoritmos atuando em conjunto com o exoesqueleto, nós conseguimos identificar a gravidade dessa deficiência e ajudar o indivíduo a melhorar sua passada por meio de estímulos que são gerados pelas juntas do equipamento”, indica Felix Maurício Escalante Ortega, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da EESC.
Em um dos artigos derivados da pesquisa, os responsáveis pela novidade salientam que outras abordagens podem aprimorá-la, ainda que já ofereça uma solução sob medida e promissora para fins de reabilitação, estimulando corretamente diferentes comportamentos no paciente. A expectativa é que esteja disponível no mercado em até cinco anos, e os especialistas salientam que os próximos passos envolvem a realização de testes com pessoas que sofreram AVC.
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Fonte: Universidade da Carolina do Norte.