Estudo de universidade canadense indica que o aprendizado de idiomas auxilia na prevenção de doenças que afetam a memória
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De acordo com uma pesquisa feita pela York University, em Toronto (Canadá), foi constatado que pessoas que têm a habilidade de se comunicar em duas ou mais línguas correm menos riscos de ter demência precoce em comparação com aquelas que falam apenas um idioma. Isso seria possível porque o aprendizado de uma língua estrangeira potencializa as funções cognitivas, o que auxilia a retardar o aparecimento de sintomas de demência.
Comandado pela pesquisadora Ellen Bialystok, o estudo analisou 158 diagnosticados com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), que se caracteriza quando um indivíduo apresenta perda discreta de memória, a qual pode ser resultado de estresse, noites mal dormidas e até mesmo uma fase inicial da doença de Alzheimer. A universidade canadense dividiu os participantes em dois grupos: bilíngues e monolíngues.
Pareados por idade, nível de escolaridade e grau de cognição no momento do diagnóstico, os pacientes foram analisados durante consultas com intervalos de seis meses. Durante cinco anos, os pesquisadores avaliaram a evolução do quadro degenerativo da memória dos participantes e determinaram o ponto crucial em que o diagnóstico de CCL progredia para a doença de Alzheimer.
Os resultados apontaram que os indivíduos bilíngues tinham uma “reserva cognitiva” que os permitia operar em um estado de independência por mais tempo antes de desenvolver um quadro mais grave de demência.
Apesar de a fluência em línguas ajudar os bilíngues a postergarem o aparecimento de doenças como o Alzheimer, o aprendizado de um novo idioma não representa uma solução para o problema. Segundo relatório de 2015 da Associação Internacional de Alzheimer (ADI), estima-se que 74,7 milhões de pessoas sofram com a doença no mundo todo até 2030. A condição representa de 60% a 70% dos casos de demência e ainda não tem cura.
Os dados apresentados pela York University dão conta de que mesmo que os casos de CCL fossem diagnosticados mais tardiamente em bilíngues, a progressão da doença era mais rápida nos pacientes monolíngues. Enquanto nas pessoas que dominavam apenas um idioma a conversão para um quadro de Alzheimer se dava em 2,6 anos, nos pacientes fluentes em duas ou mais línguas esse número caía para 1,8 ano.
De acordo com os pesquisadores, a diferença de tempo entre os grupos sugere que os pacientes bilíngues apresentavam nível muito maior de neuropatologia no momento do diagnóstico de CCL comparado com o outro time. O estudo de uma língua estrangeira permitia a criação de uma barreira que impossibilitava o surgimento de sintomas mais graves de demência de forma precoce. Uma vez que é estabelecido um diagnóstico de CCL, entretanto, esse sistema de proteção se esvai e faz com que a doença progrida de maneira muito mais acelerada.
O aprendizado de um novo idioma serve como exercício para manter a mente funcionando através dos anos e um gerador de benefícios para pessoas com idade mais avançada. Em uma pesquisa, a Universidade de New Brunswick, no Canadá, descobriu que bilíngues têm maior facilidade para guardar informações sobre listas e sequências; ou seja, os indivíduos habituados ao exercício de aprendizagem de novas regras gramaticais e fonéticas apresentavam melhor capacidade de lembrar listas de compras, nomes e direções.
Outra pesquisa, feita pela Universidade de Granada, na Espanha, monitorou um grupo de crianças que viviam em ambientes bilíngues. Durante o período de análise, os pesquisadores descobriram que esses jovens desenvolviam melhor memória de trabalho, um componente cognitivo responsável pelo armazenamento e processamento de informações de curto prazo. Essa é uma habilidade que pode ser usada para auxiliar a resolução de cálculos mentais e a compreensão linguística nas escolas.
Fontes: IB Times, Instituto Alzheimer Brasil, Hospital Sírio Libanês.