Infliximabe interfere em vacina da Oxford/AstraZeneca

25 de maio de 2021 3 mins. de leitura
Medicamento usado contra doenças intestinais diminui resposta imunológica ao imunizante contra o Sars-CoV-2

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A vacinação contra covid-19 continua lenta, diante da demanda de bilhões de doses. Ainda assim, permanece sendo a principal esperança de recuperação de uma vida normal, seja pela taxa de sobrevivência, seja pela retomada da economia. Porém, uma descoberta recente identificou um medicamento que pode interferir na criação de anticorpos de várias pessoas contra o novo coronavírus.

Segundo Tariq Ahmad, cientista que liderou o estudo no hospital da Royal Devon and Exeter, pacientes que sofrem de doenças inflamatórias intestinais, como Crohn, e fazem uso do infliximabe são menos sensíveis ao antígeno presente na vacina da Oxford/AstraZeneca contra a covid-19.

Por que o infliximabe inibe a resposta à covid-19?

Tratamento com imunocontroladores contém inflamação, mas dificulta a resposta imunológica ao Sars-Cov-2. (Fonte: Yavdat/Shutterstock)
Tratamento com imunocontroladores contém inflamação, mas dificulta a resposta imunológica ao Sars-Cov-2. (Fonte: Yavdat/Shutterstock)

Publicada em 26 de abril, a pesquisa concluiu que existe relação entre o uso do infliximabe e a fragilidade da resposta imunológica provocada pela vacina. Estima-se que 2 milhões de pessoas ao redor do mundo façam uso do medicamento.

O fármaco diminui a reação do organismo para controlar doenças autoimunes que causam inflamação excessiva. Por isso, o corpo não age adequadamente diante do imunizante e deixa a pessoa mais vulnerável ao Sars-CoV-2.

A pesquisa apontou que, diferente da maior parte da população, as pessoas que fazem uso do infliximabe permanecem suscetíveis a casos graves de covid-19 mesmo depois da primeira dose. Cerca de um terço dos pacientes testados não foram capazes de gerar níveis adequados de anticorpos após a primeira etapa da vacinação.

Foram testados pacientes vacinados com os imunizantes BNT162b2, da BioNTech/Pfizer, e ChAdOx1, da Astrazeneca/Oxford. Esta é a vacina produzida no Brasil pela Fiocruz. 

O que fazer diante da limitação?

Garantir a aplicação das duas doses da vacina é a principal medida a tomar. (Fonte: Unai Huizi Photography/Shutterstock)
Garantir a aplicação das duas doses da vacina é a principal medida a tomar. (Fonte: Unai Huizi Photography/Shutterstock)

Segundo os cientistas, o quadro mudou após as duas doses do imunizante. Nesse caso, os anticorpos produzidos foram considerados satisfatórios e atestaram a eficácia da vacina, ainda que de forma tardia, quando comparado ao restante da população que a recebeu.

Por essa razão, o estudo sugere que as pessoas cujo tratamento envolve o infliximabe sejam consideradas prioritárias na aplicação da segunda dose. Isso é relevante porque em diversos países, por exemplo no Brasil, o atraso na remessa de doses está atrasando a segunda dose das vacinas e expondo pessoas imunodeprimidas à covid-19.

Outra opção é trocar a droga usada nesses pacientes. Os pesquisadores descobriram que o fármaco vedolizumabe, que também é usado no controle da inflamação intestinal, não causa os mesmos problemas.

Por fim, os cientistas advertiram que em alguns poucos casos o sistema imunológico não foi capaz de apresentar resposta adequada ao Sars-CoV-2. Por isso, é indicado que, além de tomar as duas doses, haja mensuração de anticorpos e conduta vacinal específica caso seja necessário.

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Fonte: EurekAlert, Revista GUT.

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