Inteligência Artificial pode evitar lesões em atletas

17 de março de 2020 4 mins. de leitura
Com o auxílio de técnicas de IA, médicos esportivos podem prever possíveis lesões em modalidades de alto desempenho

A medicina esportiva vem presenciando grandes avanços através do uso da Inteligência Artificial (IA). Atualmente, auxiliares técnicos, preparadores físicos, fisiologistas e outros profissionais podem prever uma possível lesão em atletas por meio das novas tecnologias.

O pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), da Universidade de São Paulo (USP), João Gustavo Claudino conduziu um experimento com o objetivo de compreender quais são as modalidades esportivas que mais utilizam a Inteligência Artificial (IA) em técnicas médicas. Segundo o resultado da pesquisa, o futebol e o basquete são as categorias com a maior aplicação da IA para prevenir lesões, fazendo uso de duas técnicas: Redes Neurais Artificiais e Árvore de Decisão.

(Fonte: Shutterstock)

As técnicas de Redes Neurais Artificiais ocorrem através de um software programado para passar pelo processo de Deep Learning (“Aprendizagem Profunda”, em tradução livre para o português). Ou seja, a Inteligência Artificial trabalha como um organismo matemático capaz de criar uma representação das redes neurais biológicas e, assim, desenvolver um programa capaz de antever as possíveis reações do corpo humano.

Já o método da Árvore de Decisão funciona mais como uma planilha responsável por apontar os benefícios ou malefícios de uma atividade física por meio de indicadores pré-determinados. Exemplificando: para uma sessão de treinamentos de tênis, o programa leva em conta fatores como umidade, temperatura e vento para decidir se as condições meteorológicas são adequadas ou não para a prática do esporte.

No Brasil, a startup Load Control é uma das iniciativas pioneiras na gestão da carga de treino dos atletas. O aplicativo criado pela empresa funciona por meio de três pilares: monitoração, quantificação e regulação. Com isso, ele consegue medir as respostas dos atletas com a carga atual de trabalho, registrar o histórico de desempenho e ajustar o ritmo de esforço para as próximas sessões a fim de evitar futuras lesões.

Inteligência Artificial nos EUA

(Fonte: Unsplash)

A NFL, principal liga de futebol americano do mundo, também se mostrou preocupada em instaurar novas técnicas de IA no esporte para garantir a saúde de seus atletas. Responsável por 34 das 50 maiores audiências da televisão americana, a liga firmou uma parceria com a Amazon Web Services (AWS) com o intuito de reduzir as lesões na cabeça ocasionadas pelos fortes impactos do esporte profissional.

A NFL virou foco da imprensa americana após o neuropatologista Bennet Omalu expor para o mundo que um grande número de ex-atletas da categoria sofria com Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). E a ETC chama a atenção da mídia, visto que desperta comportamento suicida, demência e queda na memória em quem é afetado. A história, inclusive, serviu de enredo para Hollywood. O ator Will Smith assumiu o papel de Dr. Omalu no filme Um Homem Entre Gigantes, longa-metragem que aborda os embates entre ciência e futebol americano profissional.

Em 2017, o periódico da Associação Médica Americana publicou uma pesquisa feita com 202 cérebros de ex-jogadores de futebol americano, doados para a Universidade de Boston. O estudo buscou analisar o histórico de lesão dos atletas e sinais de ETC. Um dos causadores das doenças são as constantes concussões sofridas pelos atletas de alto desempenho — aproximadamente 3,8 milhões ocorrem a cada ano.

Dessa forma, a AWS surge com seus recursos de Inteligência Artificial para auxiliar na construção de capacetes mais seguros para a prática do futebol americano. Por ser uma liga expressivamente televisionada, a NFL contém um vasto arquivo de imagens sobre os impactos dentro de campo e o repertório de lesão dos atletas.

A coleta desses dados deve auxiliar a ferramenta de Inteligência Artificial da AWS na produção de equipamentos mais seguros para a categoria. Através das novas tecnologias e mudanças nas regras, a liga americana espera diminuir o número de lesões nos próximos anos.

Fontes: Tech Crunch, USP, Time.

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