Em fase de teste nos Estados Unidos, o Myeliviz promete auxiliar no diagnóstico da doença por exame de imagem
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A Case Western Reserve University, nos Estados Unidos, deu um importante passo para o diagnóstico precoce da esclerose múltipla. Foi aprovado no Food and Drug Administration (FDA) — órgão equivalente à Anvisa, no Brasil — o início de testes com humanos do medicamento Myeliviz.
A nova substância utilizada adere à bainha de mielina, que não é capaz de ser escaneada pelos exames tradicionais, tornando-a aparente nos diagnósticos de imagem. Isso porque a mielina danificada tem padrões diferentes da mielina comum: a área danificada aparece nos exames com manchas escuras.
A Sociedade Nacional de Esclerose Múltipla dos Estados Unidos estima que mais de 2 milhões de pessoas tenham esse quadro autoimune no mundo. Sabe-se que ela afeta principalmente mulheres entre 20 e 50 anos e que não é contagiosa ou hereditária, embora possa ter condicionantes genéticos.
A doença é conhecida pela dificuldade de ser diagnosticada, sobretudo no seu início, uma vez que os sintomas podem se manifestar de forma desigual e em intensidades variadas. Além disso, os exames de imagem não costumam auxiliar no diagnóstico — nem as ressonâncias magnéticas apresentam resultados muito precisos.
A expectativa dos pesquisadores é de que quadros precoces de esclerose múltipla possam ser diagnosticados e receber tratamento adequado o quanto antes, de forma mais eficaz. Trata-se de uma mudança importante, dado que a doença pode danificar o sistema nervoso central antes mesmo de seus sintomas se tornarem aparentes.
E os benefícios também podem se estender a outros diagnósticos. Acredita-se que o medicamento pode auxiliar no monitoramento de doenças ligadas ao sistema neurológico, como epilepsia, derrame, neurodegeneração, tumor e trauma no cérebro e na medula.
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica relacionada ao sistema nervoso central. Autoimune, afeta a bainha de mielina, que fica na superfície dos neurônios e garante a comunicação entre eles.
A fase inicial da doença pode ser sutil, com sintomas oscilantes que se manifestam por uma semana, aproximadamente, e depois cedem. Em virtude disso, somado à dificuldade de diagnóstico em exames laboratoriais ou de imagem, é comum que a doença avance sem ser devidamente caracterizada.
A evolução da esclerose múltipla pode trazer sintomas sensitivos, motores e ligados ao cérebro. Fraqueza, formigamentos, visão dupla, tremores, desequilíbrio, dores no corpo (especialmente nas articulações) e ausência de controle nos esfíncteres são alguns dos sintomas dessa fase mais avançada. Outros sintomas possíveis são disfunção erétil, no caso dos homens, ou diminuição da lubrificação vaginal, no caso das mulheres.
Uma característica importante da esclerose múltipla, que pode reduzir significativamente a qualidade de vida de quem é acometido por ela, se refere à imprevisibilidade dos surtos. Além disso, não existe cura para esse quadro. Portanto, é importante o acompanhamento médico regular e que situações de tensão extrema sejam evitadas, a fim de evitar crises agudas.
Fontes: FDA, Anvisa, Drauzio Varella.