Mulheres com gene neandertal apresentam maior fertilidade
28 de junho de 2020
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Uma em cada três mulheres europeias herdou dos neandertais o receptor da progesterona e apresenta gestações mais seguras
Menos sangramentos nos meses iniciais, menos abortos espontâneos e fertilidade aumentada. Um novo estudo em antropologia evolucionária sugere que essas características que levam a uma gestação mais segura e com mais chances de sucesso podem estar relacionadas à presença dos chamados genes neandertais no DNA da mulher.
A presença dessa herança genética está associada a características que contribuem com a evolução da gestação, de acordo com um novo estudo que avaliou um biobanco composto por 450 mil pessoas, dos quais 244 mil são mulheres.
Em artigo publicado no periódico científico Molecular Biology and Evolution, os pesquisadores Hugo Zeberg, Janet Kelso e Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, da Alemanha, sugerem que essa associação pode ajudar a explicar a alta frequência dos genes neandertais nas populações humanas modernas.
A pesquisa é realizada em parceria com o Karolinska Institutet, na Suécia, e tem um corpus formado principalmente por pessoas britânicas e contemporâneas que, além de fertilidade aumentada, têm mais irmãos em suas composições familiares.
A análise mostra que os neandertais influenciaram nossa genética e fertilidade mais do que se imaginava, de modo que quase um terço das mulheres — 29%, mais precisamente — parece carregar uma cópia neandertal de uma proteína que age como receptor de progesterona. Parte delas, cerca de 3%, chega a ter duas cópias do receptor.
Essas novas descobertas mostram que, ao contrário do que se poderia pensar, os genes neandertais não estão desaparecendo na escala evolutiva do homo sapiens, mas estão se destacando em alguns aspectos — como é o caso da fertilidade.
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