Nova técnica estuda danos ao pulmão causados pela covid-19

18 de setembro de 2020 3 mins. de leitura
Pesquisadores conseguiram criar imagens tridimensionais dos alvéolos sem a necessidade de cortar o tecido

Pesquisadores das universidades de Göttingen e Hannover, na Alemanha, desenvolveram uma técnica de criação de imagens tridimensionais que permite observar possíveis danos causados aos alvéolos pulmonares em uma infecção por coronavírus. O processo envolve o uso de uma técnica especial de raios X e oferece como principal vantagem a possibilidade de avaliar as áreas afetadas sem a necessidade de incisões ou outros procedimentos que danifiquem o tecido.

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Puderam ser observadas mudanças de vascularidade, inflamação, coágulos e acúmulo de células mortas e proteínas depositadas nas paredes alveolares. Essas alterações podem causar dificuldade respiratória e até a impossibilidade de respirar. 

Uma perspectiva tridimensional para os pesquisadores

Pesquisadora analisando resultados de exames
Cientistas poderão ter uma noção melhor da relação entre a função do órgão e o uso de suas células. (Fonte: Shutterstock)

As imagens obtidas por esse método dão uma perspectiva aos pesquisadores que não era possível antes, permitindo visualizar as alterações em volumes maiores do tecido. Essa mudança possibilita entender melhor as relações de funcionamento de um órgão como um todo com suas estruturas microscópicas.

O artigo que descreve o trabalho foi assinado por um time de colaboradores das duas universidades, com a liderança do professor Tim Salditt, do Instituto de Física de Raios X de Göttingen. O grande diferencial da técnica descrita pelos pesquisadores é a associação do uso de contraste de fases com a criação de imagens tridimensionais através de raios X, na tomografia computadorizada (TC).

Avanços no estudo da histologia como um todo

Pesquisadora analisando resultados de exame
Estudo da histologia mudou pouco desde o século XIX. (Fonte: Shutterstock)

No abstrato do artigo descrevendo a nova forma de visualização, os pesquisadores fazem a seguinte declaração (em tradução livre): “Com base nesse primeiro estudo de prova de conceito, propusemos uma tomografia de raios x com contraste de fase multiescala como uma ferramenta para desvendar a patofisiologia da covid-19, estendendo a histologia convencional para a terceira dimensão e permitindo a completa quantificação de remodelagem tecidual”.

O estudo da histologia, em certa medida, não mudou tanto assim desde seus primórdios, no século 19. Grande parte do trabalho na área ainda é feita através da fixação do órgão em químicos, recorte do tecido e criação de lâminas para o microscópio. A principal limitação desse processo é que o resultado só pode ser observado em duas dimensões, como um desenho; cabe ao pesquisador, então, imaginar como as células se organizam em um tecido para realizar suas funções. 

A possibilidade de analisar essas estruturas em três dimensões oferece uma nova perspectiva para cientistas entenderem melhor os processos, o que pode ser diretamente aplicado a diversas outras doenças pulmonares que afetam os alvéolos.

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Fontes: Science Daily e eLife

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