Os sintomas a longo prazo da covid-19 afetam de 10% a 20% dos infectados, segundo a OMS
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Um novo tipo de exame de sangue, desenvolvido por pesquisadores da University College London (UCL), na Inglaterra, pode ajudar a “prever” quem corre risco de desenvolver a covid-19 longa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição afeta de 10% a 20% das pessoas infectadas pelo vírus Sars-CoV-2.
Em um estudo publicado na revista Lancet eBioMedicine, em setembro, os cientistas analisaram dezenas de proteínas no sangue de profissionais da Saúde que testaram positivo para o novo coronavírus e as compararam com amostras de um grupo de trabalhadores saudáveis. O objetivo era descobrir como o sistema imunológico lidou com a longa incidência da doença.
Os níveis de várias dessas proteínas apresentaram uma redução considerável até seis semanas após a infecção, mesmo nas pessoas com sintomas leves, quando deveriam se manter estáveis. De acordo com o relatório, isso sugere a interrupção de processos biológicos importantes.
Com o auxílio de um algoritmo de inteligência artificial, os cientistas conseguiram encontrar uma espécie de “assinatura” no material colhido no exame de sangue, que é capaz de identificar a possibilidade de a pessoa desenvolver sintomas da covid-19 por um longo período. A tecnologia reconheceu, com sucesso, os 11 profissionais que tiveram a condição.
Para descobrir como a covid-19 afetou as proteínas ao longo das seis semanas, os especialistas usaram espectrometria de massa direcionada, que é uma análise mais sensível às pequenas mudanças no plasma sanguíneo. O método ajudou a identificar níveis anormais em 12 proteínas das 91 estudadas entre os infectados.
Eles relataram ainda que, no momento da primeira infecção, as anormalidades de 20 proteínas — a maioria ligada a processos anticoagulantes e anti-inflamatórios — eram indicadoras de sintomas persistentes após um ano. Na etapa seguinte, o algoritmo treinado nos perfis dos voluntários entrou em ação.
De acordo com a autora principal da investigação, Gaby Captur, o exame de sangue para identificar o risco da covid-19 longa pode ser implementado sem grandes custos. Ao usar recursos disponíveis nos hospitais, são examinadas milhares de amostras diariamente, permitindo aos médicos se anteciparem e definirem tratamentos mais eficazes.
Contudo, os resultados precisam ser validados em um grupo maior de voluntários. Nesse estudo, a equipe usou o exame de sangue de 54 profissionais infectados e o plasma sanguíneo de 102 colaboradores sem contato com a doença.
O termo “covid-19 longa” se refere ao desenvolvimento de sintomas a longo prazo nas pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2. Em geral, a maioria dos doentes se recupera completamente em pouco tempo, mas uma pequena parcela deles pode continuar sentindo os efeitos da doença após os estágios iniciais da infecção.
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Conforme a OMS, quem tem covid-19 longa pode sofrer problemas em vários órgãos e apresentar sinais diversos, como cansaço e fadiga frequentes, palpitações no coração, tosse persistente e dificuldades na fala. Além destes, lapsos de memória, perda de olfato e/ou paladar, insônia, dores musculares, depressão e ansiedade são alguns dos outros sintomas recorrentes.
Fonte: Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Agência Brasil, IPEMED