Óculos são capazes de analisar nível de glicose em lágrimas

17 de março de 2020 3 mins. de leitura
Dispositivo que identifica níveis de glicose, álcool e vitaminas surge como método menos invasivo para coleta de dados de saúde
Pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCSD), em San Diego, nos Estados Unidos, e do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da Universidade de São Paulo (USP), criaram um dispositivo acoplado a um novo modelo de óculos capaz de medir os níveis de álcool, glicose e vitaminas no sangue humano através de lágrimas. O biossensor localizado na lateral do aparelho tem uma saída de controle e promete ser uma opção menos invasiva para pacientes com diabetes, por exemplo. A conexão entre Brasil e Estados Unidos se deu quando a estudante Laís Canniatti Brazaca foi para San Diego realizar seu doutorado sob a tutela do pesquisador Joseph Wang, responsável pelo Laboratório de Nanobioeletrônica da UCSD. Entre 2017 e 2018, ela inicialmente foi para a América do Norte para melhorar um dispositivo de diagnóstico de Alzheimer que havia iniciado na USP, mas acabou se envolvendo no projeto dos óculos medidores lacrimais do Dr. Wang. A pesquisa foi publicada na revista Biosensors and Bioelectronics, que apresenta para a comunidade científica as inovações nos setores de biossensores e bioeletrônica. A autora do artigo foi a também brasileira Juliane Sempionatto, atualmente na Universidade de San Diego e antiga aluna de graduação no Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da USP.

Como funciona?

(Fonte: Divulgação/IFSC-USP)
Por enquanto, os óculos só conseguem medir um indicador por vez. Após a decisão de qual fato deve ser analisado (álcool, glicose, vitaminas), é preciso inserir no aparelho o dispositivo correspondente ao objeto de análise, que são microfluídicos super-hidrofóbicos com um eletrodo modificado com determinada enzima e ativado pelas lágrimas. De acordo com entrevista de Brazaca cedida ao site do Jornal da USP, em uma análise de glicose, por exemplo, deve-se utilizar a enzima glicose oxidase. Com os óculos posicionados, aplica-se algum produto sensível ao olho para induzir o derramamento das lágrimas, que entram em contato com o biossensor do aparelho e transmitem uma resposta em tempo real para um computador ou celular através do sinal sem fio conectado a uma das hastes do dispositivo. Ainda em fase de inovação, os óculos medidores lacrimais abrem espaço para analisar dados de outros indicadores de saúde do corpo humano. Agora, eles já servem como um grande passo tecnológico para a obtenção de informações e diagnósticos de patologias através de um procedimento muito simples e não invasivo.

Incentivo à pesquisa no Brasil

(Fonte: Divulgação/IFSC-USP)
A participação de Brazaca no projeto de criação dos óculos analisadores de lágrimas se deu graças a uma bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com o apoio da instituição, ela pôde participar da equipe de pesquisa do professor Weng com especialista nas áreas de nanomáquinas, biossensores, nanobioeletrônica, dispositivos portáteis e eletroquímica. Um dos princípios da Fapesp é justamente internacionalizar os grupos de pesquisa de alunos de pós-graduação e pós-doutorado das universidades paulistas. Os estudantes são enviados para o exterior em um programa de estágio e podem adquirir novas habilidades e aprender em instituições de excelência em todo o mundo. Fontes: Governo de São Paulo, FAPESP, Science Direct, USP.
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