Estudo realizado por associação norte-americana mostra que tempo dedicado a consultas pós-cirurgia é menor, e qualidade é a mesma
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Um levantamento realizado pela American College of Surgeons revela que pessoas que passam por acompanhamento virtual após procedimentos cirúrgicos, em uma adaptação implementada com mais frequência durante a pandemia da covid-19, beneficiam-se das orientações tanto quanto aquelas que as recebem presencialmente, contando com vantagens adicionais.
O estudo envolveu 400 pacientes que se submeteram a apendicectomia laparoscópica ou colecistectomia em dois hospitais de Charlotte, nos Estados Unidos. De acordo com Caroline Reinke, professora associada de Cirurgia da Atrium Health, em entrevista ao ScienceDaily, essa é uma das primeiras pesquisas a comparar a qualidade da atenção pós-cirúrgica entre ambas as modalidades, e os resultados mostraram que, mais do que equivalente em relação à outra, a abordagem virtual auxilia na economia do tempo de espera relacionado ao deslocamento até as instituições.
“Acredito ser realmente importante que pacientes entendam que, nesse cenário, ainda terão tempo de qualidade com a equipe cirúrgica”, defende Reinke, cuja rede hospitalar sem fins lucrativos na qual atua opera cerca de 40 hospitais, seis departamentos de emergência independentes, mais de 30 centros de atendimento urgente e consultórios médicos nos estados da Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia.
A responsável pelo projeto organizou um ensaio clínico controlado de não inferioridade em agosto de 2017, mas os procedimentos foram suspensos em março de 2020 devido ao novo coronavírus. Os participantes foram randomizados para uma visita virtual pós-alta ou para uma visita pessoal na razão de dois por um.
“Outros estudos analisaram o tempo total da visita, mas não foram capazes de decompor a quantidade específica de tempo que o paciente passa com o provedor. Queríamos saber se isso era igual ou diferente”, explica Reinke. “Queríamos chegar ao âmago da questão de quanto tempo presencial estava realmente sendo gasto entre o membro da equipe cirúrgica e o paciente.”
Cada parte da visita foi analisada, incluindo o período de entrada, de espera e de exames, assim como de reuniões com membros das equipes cirúrgicas até a alta. Nos casos presenciais, foram adicionados fatores como tempo estimado de viagem e de espera no local. Enquanto todos tiveram uma média parecida de conversa face a face (8,3 minutos presenciais e 8,2 minutos virtuais), quem teve de se deslocar dedicou um período consideravelmente mais logo ao processo (58 minutos contra 19 minutos).
Ainda assim, foi apontado que apenas 64% dos participantes completaram todos os passos. “Às vezes eles se sentem tão bem após um procedimento minimamente invasivo que cerca de 30% não comparecem às visitas”, conta a professora.
Ainda que exista quem não se sente confortável com a tecnologia, o grau de satisfação atingido é substancial: 98% contra 94% das visitas tradicionais. Por fim, o tempo de espera se mostrou, sem dúvidas, um diferencial e tanto. “Mesmo para visitas virtuais, a quantidade de tempo que os pacientes gastaram fazendo check-in e esperando foi de cerca de 55% do tempo total. Nelas, são aplicados os mesmos regulamentos das visitas presenciais.”
“Se você retira os componentes da sala de espera e do fluxo do paciente dentro da clínica, ele ainda gasta cerca de metade do tempo na logística do check-in. Com as visitas virtuais, há muito pouco tempo de espera, cerca de 80% menos”, finaliza a pesquisadora.
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Fontes: Science Daily, Shutterstock.