Analisando telômeros em vacas, cientistas descobriram nova conexão entre a genética e a expectativa de vida animal
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Nova pesquisa genética conduzida na Scotland’s Rural College (SRUC) em Aberdeen, na Escócia, analisou os telômeros durante a vida de centenas de vacas para observar a relação da genética com a longevidade de cada animal — e resultou em importantes descobertas. O estudo pode contribuir para o aumento da expectativa de vida, da saúde e do bem-estar dos seres humanos.
Telômero é o nome dado à “tampa” do cromossomo, ou seja, sua extremidade. Conforme foi descoberto por Elizabeth Blackburn, cientista vencedora do Prêmio Nobel da Medicina, telômeros são compostos de um DNA particular, muito repetitivo, que protege os cromossomos, impedindo que eles se quebrem no processo de divisão celular enquanto nosso organismo cresce e se regenera.
Ao longo da vida, os telômeros vão se tornando cada vez mais curtos; quando estão pequenos demais para protegerem o cromossomo, as células param de se reproduzir. Blackburn e muitos outros cientistas vêm analisando como fatores diversos afetam os telômeros e a expectativa de vida. Destaca-se a pesquisa feita pela cientista e por Carol Greider, em 1984, com a descoberta da enzima telomerase, responsável por produzir o DNA dos telômeros.
Blackburn lançou livros destacando o fato de que o estilo de vida tem efeito a nível celular, justamente nos telômeros. Para evitar que se desgastem rapidamente, é necessário se alimentar bem, fazer exercícios físicos, evitar estresse, entre outros cuidados.
A SRUC tem um ambiente altamente controlado para os animais, fator importante para realizar uma pesquisa genética, possibilitando indivíduos que não têm variação de ambiente e alimentação, por exemplo. A pesquisa realizada pelo professor Mike Coffey e o grupo de cientistas do Departamento de Ciências Animais e Veterinárias da universidade teve como objeto 700 vacas, das quais foram coletadas mais de 2 mil amostras de sangue.
Foi comprovado que, assim como em organismos humanos, as vacas mais novas têm telômeros mais longos e as mais velhas, mais curtos. Outra descoberta foi que os telômeros começam a se deteriorar no momento do nascimento, e a forma como isso se dá pode indicar o quão saudável será ou por quanto tempo o animal provavelmente irá viver.
Segundo apontamentos de Coffey e da professora Melissa Bateson, do Instituto de Neurociência da Universidade de Newcastle, publicados em matéria da BBC e no site da SRUC, as comparações de dados dos experimentos revelaram que quando vivem em boas condições, ou seja, sem estresse, com higiene e alimentação balanceadas, animais e seres humanos se desenvolvem melhor. Isso acontece pois são preservados os telômeros compridos, que, quanto maiores forem na infância, maior será expectativa de vida.
Contudo, a descoberta não possibilita a mensuração exata dos anos de vida de um animal. Bateson atenta para o fato de que as associações que levam às conclusões da pesquisa são comparativas, mas cada organismo é único. Conclusões científicas como as produzidas por essa nova pesquisa ajudam a comprovar e reforçar teorias relativamente recentes da genética que, com o avanço da ciência e da tecnologia, serão base para o desenvolvimento de novas terapias e métodos de prevenção de doenças nos seres humanos.
Fontes: BBC, The Guardian, SRUC, Nobel Prize.