O procedimento beneficia o paciente, os familiares e os hospitais, mas deve ser realizado com segurança
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A desospitalização é uma tendência mundial que possibilita que pacientes que ainda não receberam alta possam continuar o seu tratamento, fora de ambientes hospitalares tradicionais, favorecendo assim a sua melhora.
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O procedimento reduz o tempo de internação e não é apenas benéfico só para o paciente. Para os familiares, é a possibilidade de acompanhar a recuperação do paciente mais de perto. Para os hospitais e planos de saúde, significa reduzir custos e racionalizar o uso de leitos.
Apesar das vantagens, a prática não é regulada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nem pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Por isso, ainda existem controvérsias em relação à prática. Por não haver um regulamento, a prática fica a cargo de regras municipais e/ou estaduais.
O debate sobre a desospitalização no Brasil envolve uma questão importante: a nossa população está envelhecendo. De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país possui 28 milhões de idosos, o que equivale a 13,5% da população. A previsão é que até 2050, um a cada três brasileiros seja idoso.
Grande parte dessa população sofrerá de doenças crônicas como cardiopatias e diabete, necessitando de cuidados médicos e internação em algum momento da vida. Para conter os crescentes gastos públicos com a saúde, a desospitalização surge como principal alternativa para conter estes altos investimentos.
Segundo artigo publicado pelo Secad, especializado em cursos para profissionais de saúde, o número de pacientes que optam pelo procedimento tem se tornado cada vez mais relevante. No Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, cerca de 80% dos pacientes que passam pela triagem no Núcleo de Cuidados Paliativos optam pela internação domiciliar.
A desospitalização, no entanto, não é indicada para todos. As especificidades de cada caso precisam ser avaliadas e há vários cuidados que precisam ser tomados para que o paciente tenha garantias de uma recuperação mais rápida com segurança e qualidade de vida.
No caso de pacientes em estado terminal, a permanência em casa só é indicada se o seu conforto e bem-estar forem garantidos por meio de cuidados paliativos e se não há mais chances de recuperação.
Vários hospitais brasileiros, como o Hospital São Rafael, em Salvador (Bahia), e o Hospital Vera Cruz, em Campinas (São Paulo), contam com equipes especializadas que determinam os protocolos necessários para garantir um processo seguro para os pacientes.
As equipes são multidisciplinares e envolvem médicos, enfermeiros, assistente sociais e profissionais responsáveis pelo gerenciamento de leitos.
As medidas que fazem parte desses protocolos incluem: conhecer o perfil dos pacientes que necessitam de desospitalização segura ainda no dia da admissão do paciente, identificar os cuidadores ou familiares para que sejam capacitados durante o processo, e acompanhar o processo de evolução do paciente durante a internação, por meio de visitas periódicas.
Em muitos casos, a residência do paciente não é um ambiente adequado para a sua recuperação. Em outros, não há pessoas disponíveis para acompanhá-lo. Nesses casos, será necessário contratar o serviço de home care (tratamento domiciliar) ou então, encaminhar o enfermo a uma casa de apoio ou a um ambulatório especializado, oferecido por hospitais-dia e hospices.
Embora o procedimento de desospitalização ainda não esteja regulamentado no Brasil, o Ministério da Saúde desenvolveu um serviço de atendimento domiciliar indicado para pessoas que apresentam dificuldades temporárias ou definitivas de sair do espaço da casa para chegar até uma unidade de saúde, entre elas, idosos, pessoas que apresentam necessidade de reabilitação motora, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica.
Chamado de Melhor em Casa, o programa tem o objetivo de evitar hospitalizações desnecessárias, ampliando o atendimento realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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Fontes: Ministério da Saúde, Hospital Vera Cruz, Secad – Atualização Profissional para Profissionais de Saúde, CM Tecnologia, SOS Vida, Valorize a Vida e Secretaria Especial do Desenvolvimento Social.