Tumor cerebral: nova vacina pode auxiliar pacientes com câncer

16 de dezembro de 2022 4 mins. de leitura
Estudo realizado em 4 países pode representar grande avanço no tratamento de glioblastoma

Uma nova vacina recentemente descoberta pode representar um grande avanço no tratamento de um grave tipo de câncer cerebral. Classificado como tumor de grau IV, o glioblastoma, também chamado de glioblastoma multiforme, é o mais agressivo dos cânceres cerebrais primários, que são aqueles que se iniciam nas células do cérebro. Os demais tipos do grupo são astrocitoma, oligodendroglioma e oligodendroglioma anaplásico, cujos graus são, respectivamente, I, II e III.

De acordo com um estudo publicado no Journal of the American Medical Association Oncology (JAMA Oncology), o novo imunizante pode prolongar a vida de pacientes — período que, em geral, após o diagnóstico da doença, é de 12 meses a 18 meses. Durante oito anos, foram acompanhadas 331 pessoas com glioblastoma, das quais 232 receberam o DCVax-L e 99 receberam apenas o placebo.

Os resultados do ensaio clínico, que foi desenvolvido de forma global e multicêntrica, abrangendo 94 locais em quatro países, mostraram que quem tinha sido recém-diagnosticado com a doença viveu, em média, 19 meses após a administração da vacina. A sobrevida dos participantes que receberam o placebo foi de 16 meses. No caso dos pacientes com glioblastoma recorrente, o período foi de 13,2 meses, contra 7,8 meses.

No cômputo geral, o estudo também registrou dados favoráveis: 15,7% dos participantes viveram mais dois anos depois do diagnóstico e 13%, cinco anos ou mais. Sem a vacina, os índices foram de 9,9% e 5,7% para esses períodos. Foi registrada, ainda, sobrevida superior a sete anos em dois pacientes. Todos já tinham passado pelo tratamento padrão, que consiste em cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

Como funciona a vacina?

A vacina é a primeira desenvolvida para câncer no cérebro. Para pacientes com a doença recém-diagnosticada, nenhum novo tratamento surgiu nos últimos 17 anos, prazo que se amplia, no caso do glioblastoma recorrente, para 27 anos sem novas opções clínicas.

Segundo os pesquisadores, o imunizante funciona como uma imunoterapia. O sistema imunológico do paciente é estimulado a combater o tumor por meio da combinação de proteínas do próprio tumor com glóbulos brancos, que passam a reconhecê-lo e auxiliam para que ocorra esse “ataque”.

É a primeira vacina desenvolvida para tumor cerebral. (Fonte: Pixabay/Reprodução)
Primeira vacina desenvolvida para tumor cerebral. (Fonte: Pixabay/Reprodução)

A empresa fabricante é a NorthWest Biotherapeutics, dos Estados Unidos, que pretende solicitar a aprovação regulatória da vacina, já que a imunização ainda não está disponível.

Quais são as causas e os sintomas do glioblastoma?

Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil registra 11 mil novos casos de câncer cerebral anualmente, ocupando o décimo lugar entre os diversos tipos da doença. Fatores hereditários e externos podem aumentar o risco de se desenvolver a condição, mas as causas ainda não são inteiramente conhecidas.

Esses cânceres no cérebro podem ser primários, com a mutação de células se originando no próprio órgão, ou secundários, quando as células anormais advêm de outro local do organismo, a exemplo de pulmões, intestino e mama.

Acredita-se que o glioblastoma, que pertence ao primeiro grupo e é assim denominado por surgir nas células da glia (protetoras dos neurônios), pode ter como fatores desencadeantes a exposição a radiação, inclusive radioterapia, além de anomalias genéticas, consumo de álcool e infecções por vírus, como o HHV-6, que pertence à família dos herpesvírus humanos.

Dor de cabeça está entre os sintomas do tumor cerebral. (Fonte: Pixabay/Reprodução)
Dores de cabeça frequentes estão entre os sintomas do tumor cerebral. (Fonte: Pixabay/Reprodução)

Os principais sintomas, que podem variar conforme a localização do tumor, são dores de cabeça frequentes, visão dupla ou embaçada, convulsões, déficit de memória, alterações de humor ou personalidade, náusea, vômito, dificuldade para falar, entre outros. O diagnóstico é feito por neurologistas ou oncologistas a partir de exames como tomografia computadorizada, ressonância magnética e biópsia da lesão.

O glioblastoma não tem cura, mas, com o tratamento adequado, o paciente pode ter qualidade de vida. E a ciência pode oferecer alternativas, como a vacina, para aumentar a expectativa de vida.

Fonte: Oncoguia, Tua Saúde, Journal of the American Medical Association Oncology, SBCO

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