Resultados preliminares devem passar por revisão de pares, mas expectativa quanto à vacina é otimista em várias partes do mundo
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Dados divulgados pela empresa farmacêutica Pfizer e pela companhia alemã de biotecnologia BioNTech, divulgados nesta segunda-feira (9), sugerem que estamos cada vez mais próximos de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus. Após a realização de testes em 43,5 mil voluntários espalhados por seis países, ambas anunciaram que o imunizador, ainda em desenvolvimento, preveniu que 90% das pessoas nas quais foi aplicado desenvolvessem a covid-19. Os estudos ainda devem passar por avaliações de pares.
O objetivo agora é que as envolvidas entrem com um pedido de aprovação de uso emergencial da substância até o fim deste mês, já que nenhum dos participantes apresentou efeitos colaterais graves. Ainda assim, a análise se baseia apenas nos primeiros 94 indivíduos que foram infectados pelo Sars-CoV-2, mas os números podem mudar após verificações detalhadas.
lbert Bourla, presidente da Pfizer, comemorou a conquista. “Demos um passo significativo adiante para fornecer um avanço muito necessário às pessoas e ajudar a pôr um fim a esta crise de saúde global”, declarou o executivo. Ele estava acompanhado de Ugur Sahin, um dos fundadores da BioNTech, que descreveu os resultados como um “marco”.
Cerca de 50 milhões de doses da vacina poderão ser produzidas até o fim de 2020, sendo que a expectativa é de que outras 1,3 bilhão fiquem prontas até o fim de 2021. Duas aplicações são necessárias para cada pessoa, com intervalo de três semanas entre uma e outra.
Brasil, Argentina, África do Sul, Turquia, Alemanha e Estados Unidos fizeram parte da etapa de pesquisas finalizada, mas nem todas as populações das regiões que adquirirem a vacina contra a covid-19 a terão à sua disposição em um primeiro momento. Mesmo que não haja definições estipuladas até então, é consenso de que devem ser priorizados, em um cenário de aprovação, equipes de saúde e idosos.
A cautela existe porque tudo depende também de como o imunizador atua em diferentes grupos e da maneira como o microrganismo está se espalhando pelas regiões contempladas. De todo modo, é quase certo que pessoas com menos de 50 anos e sem problemas médicos sejam as últimas da fila de vacinação.
Entre as dúvidas ainda não respondidas, não se sabe, por exemplo, se a novidade é eficaz somente no impedimento de desenvolvimento de sintomas ou se de fato elimina contaminações. Nesse sentido, outra incógnita é o tempo de duração da imunidade. Por fim, grandes desafios logísticos estão relacionados à sua distribuição, considerando que ela deve ser mantida a uma temperatura de -80 °C.
O mundo respondeu com otimismo às declarações das companhias. Por exemplo, Joe Biden, presidente recém-eleito dos Estados Unidos, declarou, em seu perfil oficial no Twitter, que os resultados mostram “o poder da ciência contra a covid-19.” Além disso, Biden ressaltou ser essencial manter medidas de prevenção, mas que esse é sim “um motivo para otimismo em 2021.” “É encorajador”, ele disse.
Já no Reino Unido, um representante do governo afirmou que eles já estão prontos para iniciar um programa de vacinação para os grupos mais vulneráveis, o que deve ocorrer assim que a vacina estiver disponível.
Peter Horby, professor da Universidade de Oxford, apontou ter “sorrido de orelha a orelha” com a notícia. “É um alívio. Existe um longo caminho a ser percorrido antes que imunizadores façam uma diferença real, mas me parece um divisor de águas”, afirma.
Quanto ao Brasil, com 3,1 mil voluntários nos estados de São Paulo e Bahia, um porta-voz da Pfizer indicou que negociações entre o governo e a farmacêutica estão sendo realizadas, com a possibilidade de inclusão da substância no Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde — sendo importada das fábricas dos EUA e da Europa.
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Fonte: BBC News e TecMundo.