Ao tornar organismo menos suscetível a outros tipos de infecção, campanha de vacinação pode ajudar no combate à pandemia do novo coronavírus
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Um estudo conjunto entre pesquisadores das Universidades de Nijmegen e Bonn, na Austrália e na Noruega, aparenta ter encontrado a resposta para os motivos que levam a vacinação contra a tuberculose causar um aumento no sistema imunológico humano.
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O projeto faz parte de um esforço universal para encontrar métodos de combate à infecção causada pelo novo coronavírus, que resultou em uma pandemia durante 2020. Os pesquisadores têm testado campanhas de vacinação de outras doenças para impedir a progressão severa do vírus.
Segundo o estudo publicado na revista Cell Host & Microbe, a esperança é que alguns dos tratamentos já conhecidos dentro do meio científico possam ajudar a proteger os grupos de risco da covid-19, como o caso de idosos e equipes médicas que trabalham na linha de frente.
A vacina contra tuberculose, também conhecida como BCG, é uma das primeiras medicações indicadas aos bebês recém-nascidos. Além de proteger contra 80% das formas mais raras da doença, a vacina também apresenta propriedades que estimulam o fortalecimento da imunidade de seu receptor.
Sua aplicação começou no ano de 1921 e desde então tem sido disseminada pelo mundo todo. Em países como Guiné-Bissau, na costa ocidental africana, sua campanha de vacinação ajudou na redução de 40% das taxas de mortalidade entre os bebês vacinados.
De acordo com o artigo, vacinas compostas de agentes patogênicos vivos costumam gerar um sistema ao qual eles denominaram como “imunidade treinada”. Isso significa que o sistema imunológico aprende com a infecção controlada da doença e se torna mais forte para os próximos anos de vida do indivíduo.
O experimento utilizou 20 cobaias humanas para compreender a ação da vacina no organismo. A equipe de pesquisadores selecionou 15 pessoas para receber a dosagem da medicação, enquanto os outros receberam um placebo no lugar.
Três meses depois, as amostras sanguíneas e de medula óssea demonstraram uma mudança significativa no sistema imunológico do grupo receptor da vacina. As células imunológicas dessas pessoas absorveram a capacidade avançada de transmitir sinais inflamatórios para o organismo.
As cobaias vacinadas elevaram suas capacidades de produção de citocina, substância com função de convocar outras células de defesa imunológica que aceleram o combate às infecções.
Segundo um dos autores da pesquisa e membro do Instituto Limes, da Universidade de Bonn, Dr. Andreas Schlitzer, as células dos indivíduos vacinados acabam ganhando a capacidade de acessar o histórico de sua criação.
Schlitzer explica que grande parte das células imunológicas são formadas na medula óssea, onde crescem as hematopoiéticas – conhecidas como aquelas que deram origem a todas as outras. Ao acessarem as informações sobre seu desenvolvimento biológico, as células imunológicas ganham uma maior capacidade de reação e elevam o sistema de resposta do corpo contra infecções.
Um levantamento publicado no medRxiv feito por pesquisadores americanos e ingleses indicou que países onde a vacina contra tuberculose apresenta grande aplicação, a incidência de casos de coronavírus tem sido até dez vezes inferior aos países que não obrigam a vacinação.
O estudo aponta uma grande incidência de casos na Itália, na Espanha e nos Estados Unidos como um sinal de alerta. Enquanto esses países se tornaram epicentros da pandemia, lugares como o Japão (onde a vacina BCG faz parte de uma política universal) apresentaram um número inferior de infectados.
Apesar de os primeiros indícios de benefícios causados pela aplicação das campanhas de vacinação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou os problemas que uma corrida em massa pela vacina poderia ocasionar.
Segundo a OMS, o aumento na procura pela vacina BCG poderia prejudicar as cargas destinadas aos países onde a tuberculose ainda é recorrente. A ausência do produto poderia resultar em uma escalada no número de mortes causadas pela doença.
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Fontes: Science Daily, Labchecap.