Vacina segura para a covid-19 apresenta resultados positivos

8 de agosto de 2020 5 mins. de leitura
Artigo publicado recentemente no New England Journal of Medicine mostra que a vacina gerou resposta imune e poucos efeitos colatera

O mundo inteiro acompanha ansiosamente as notícias sobre a corrida pela vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2. Um artigo publicado recentemente, sobre experiências norte-americanas, trouxe boas notícias em relação a isso: a primeira fase de testes clínicos registrou bons resultados em imunidade, sem gerar graves efeitos colaterais.

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De acordo com reportagem publicada pelo Estadão, a terceira e última fase de testes clínicos da vacina norte-americana teve início em 27 de julho, após resultados promissores nas duas primeiras etapas. O projeto está sendo desenvolvido pelo laboratório Moderna, de Massachusetts, e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID, na sigla em inglês), ligado ao governo norte-americano.

A substância, denominada mRNA-123, contém partículas do material genético do vírus e busca induzir a geração de anticorpos que ataquem diretamente as proteínas spike (espinhos, em tradução livre), que o Sars-Cov-2 usa para invadir as células humanas.

Além desse, outros dois projetos estão saindo na frente nessa corrida, dentre os mais de 150 que ocorrem no mundo inteiro: uma britânica, criada pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstroZeneca, e uma chinesa, que começou a ser testada no Brasil pelo Instituto Butantã em julho.

Células de voluntário, com as partículas do Sars-CoV-2 injetadas pela vacina (Fonte: NIAID/Reprodução)
Células de um voluntário com as partículas do Sars-CoV-2 injetadas pela vacina. (Fonte: NIAID/Reprodução)

Como foram os testes até agora?

Como mencionado, o artigo publicado recentemente no New England Journal of Medicine descreve a primeira das três fases de testes clínicos. Ela foi realizada a partir do dia 16 de março de 2020, com 45 participantes, entre 18 e 55 anos, em um instituto de pesquisa em Seattle e em um hospital de Atlanta.

Os participantes foram divididos em três grupos, que receberam injeções com 25, 100 e 250 microgramas da substância. Vinte e oito dias depois, os voluntários receberam outra dose da vacina experimental (observação: três pessoas não receberam a segunda aplicação).

Os resultados foram bastante positivos: a vacina gerou a resposta imune esperada, estimulando a produção de anticorpos contra o alvo terapêutico, além de gerar poucos efeitos colaterais. Entre os sintomas registrados, estão fadiga, dor de cabeça, calafrios e dor no local da aplicação.

Mas o NIAID ressaltou em nota que esses efeitos apareceram principalmente nas pessoas que receberam as doses mais altas e apenas depois da segunda aplicação. Com base nos dados sobre a resposta imune e os efeitos colaterais, os pesquisadores ajustaram a dose da vacina para a segunda fase de testes, que começou em abril.

Para essa nova experiência, foram recrutados 120 voluntários. Dessa vez, também tiveram participantes com mais de 55 anos. Embora o artigo do New England Journal of Medicine dê detalhes apenas sobre a primeira etapa, tudo indica que a segunda também teve resultados positivos — afinal, a vacina recebeu “sinal verde” para seguir para a terceira e última fase de testes clínicos, com mais de 30 mil participantes.

Vacina será testada em 30 mil voluntários, na última fase de ensaios clínicos (Fonte: Pexels)
Vacina será testada em 30 mil voluntários, na última fase de ensaios clínicos. (Fonte: Pexels)

Quando a vacina da Moderna chega ao mercado?

O anúncio de que a terceira etapa dos testes estava começando foi recebida positivamente — tanto que fez as ações da farmacêutica Moderna subirem 11%. O projeto está recebendo um grande apoio do governo norte-americano, com mais de 1 bilhão de dólares em incentivos financeiros, e é um dos mais promissores na corrida pela vacina contra a covid-19.

Caso os resultados continuem sendo positivos, há ainda outras etapas de aprovação para que as doses comecem a ser fabricadas em massa e sejam distribuídas à população. A perspectiva é que isso ocorra no final de 2020. Segundo o diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, Francis Collins, a meta norte-americana é extensa, “mas é uma meta certa”.

Caso sua vacina seja aprovada, ao final dos testes, a Moderna está projetando a fabricação de 500 milhões de doses no primeiro ano e 1 bilhão delas, em 2021. Segundo o Estadão, das 150 experiências em andamento ao redor do mundo, 23 delas têm perspectivas de serem testadas em humanos.

A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstroZeneca também está em estágios avançados de pesquisa e pode começar a ser produzida em setembro. Dias depois do anúncio da terceira fase de testes clínicos do projeto americano, a Rússia anunciou a aceleração dos processos de pesquisa e aprovação, sinalizando que terá uma vacina pronta ainda em agosto.

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Fontes: Estadão, New England Journal of Medicine e Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.

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