Covid-19 é mais perigosa para portadores de mutações genéticas

21 de outubro de 2020 4 mins. de leitura
divíduos com mutação dos genes PiZ e PiS possuem maior probabilidade de desenvolver a doença severa causada pelo novo coronavírus, segundo estudo

Um novo estudo feito pela Universidade de Tel Aviv, em Israel, sugere que as pessoas com mutações genéticas dos genes PiZ e PiS possuem maiores probabilidades de desenvolver sintomas severos da covid-19 e até mesmo falecerem.

Ambas as mutações são responsáveis por uma baixa produção da proteína Alfa-1 antitripsina, que protege o tecido do pulmão de infecções graves. De acordo com os pesquisadores, outros estudos já haviam apontado como a deficiência dessa proteína no organismo pode acarretar processos inflamatórios nos pulmões e em outras doenças.

Taxas de mortalidade e prevalência das mutações

Ausência da proteína Alfa-1 antitripsina expõe pulmão às infecções graves (Fonte: Shutterstock)
Ausência da proteína Alfa-1 antitripsina expõe pulmão às infecções graves (Fonte: Shutterstock)

O estudo publicado na revista Faseb Journal, no dia 22 de setembro, analisou dados de 67 países em todos os continentes. Após o levantamento de informações, os cientistas perceberam que as taxas de mortalidade por covid-19 eram significativamente maiores em países onde existia maior prevalência das mutações dos genes PiZ e PiS em seus habitantes.

Entre as nações destacadas pela publicação estavam Itália e Espanha, que se tornaram epicentro do vírus no início da pandemia, e também os Estados Unidos da América, que passaram a liderar os rankings de casos confirmados e de mortes no mundo todo.

David Gurwitz, Noam Shomron e Guy Shapira, autores da pesquisa, acreditam que o documento fornece novas informações para o planejamento no combate à pandemia. “Nossos dados mostram uma forte correlação entre essas mutações e formas mais severas da covid-19. Gostaríamos que o restante da comunidade científica verificasse nossa hipótese em testes clínicos”, acrescentaram durante a publicação.

Medidas de prevenção contra a covid-19

Ilustração de molécula do vírus azul e vermelha
Caso comprovada a hipótese, indivíduos com mutações genéticas devem compor os grupos de risco. (Fonte: Shutterstock)

De acordo com os pesquisadores israelitas, caso os testes clínicos comprovem a teoria de que pessoas com mutações genéticas estão mais expostas ao vírus, as autoridades públicas de todos os países do mundo devem começar a tomar novas atitudes. 

Nesse caso, os governos devem trabalhar para construir um vasto processo de triagem dentro da população com o objetivo de identificar qual é a parcela que apresenta as mutações dos genes PiS e PiZ. 

Esses indivíduos, então, seriam aconselhados a manter um isolamento social mais estrito e posteriormente entrariam como grupo prioritário para receber a vacina assim que ela estiver finalizada.

Dessa forma, os cientistas acreditam que seria possível diminuir os índices de morbidade e mortalidade no mundo, além de facilitar o planejamento estratégico das federações e ministérios da saúde.

Grupos de risco

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde qualificam como grupos de risco para agravamento da covid-19 os seguintes indicadores:

  • indivíduos com doenças crônicas;
  • fumantes;
  • pessoas com mais de 60 anos de idade;
  • gestantes ou puérperas;
  • crianças menores de 5 anos de idade.

Além disso, pacientes em processo de tratamento de qualquer tipo de câncer ou com doenças imunossupressoras também podem ser caracterizados como possíveis membros da faixa de risco.

A fragilidade do sistema imunológico pode facilitar que o novo coronavírus faça desenvolver sintomas mais severos da doença e, assim, aumente as taxas de mortalidade. Por fim, cidadãos em estado de vulnerabilidade social e membros da população carcerária também são considerados grupos de interesse para a saúde pública.

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Fontes: BVS, Science Daily, Universidade de Tel Aviv, Shutterstock.

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