Entenda como os canabinoides (encontrados em plantas do gênero Cannabis) podem ser úteis contra doenças neurológicas, segundo um novo estudo.
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Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), publicado em 27 de maio de 2022 na revista European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, apresentou evidências de que os canabinoides (ativos encontrados na Cannabis) podem ser úteis no tratamento de determinadas doenças neurológicas e psiquiátricas. Entenda a seguir.
O termo “canabinoide” se refere de maneira genérica a uma das substâncias que podem ser encontradas e extraídas da Cannabis sativa (uma angiosperma da família cannabaceae).
Há mais de cem tipos de fitocanabinoides já identificados e que são produzidos pelas estruturas glandulares (chamadas de tricomas) encontradas na superfície dessa planta.
Não estamos cientificamente nem perto de explorar tudo o que a Cannabis pode oferecer, mas atualmente os estudos se baseiam em dois ativos principais: o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC). Eles contam com a mesma estrutura molecular, porém, devido a uma alteração na organização atômica, têm propriedades ativas bem diferentes.
O CBD não provoca alterações da percepção da realidade, sendo explorado por suas propriedades medicinais, como ação analgésica, anti-inflamatória, antioxidante, ansiolítica, antidepressivas, neuroprotetoras, anticonvulsivas e antináuseas, entre outras.
Em contrapartida, o THC conta com ação psicoativa, provocando uma sensação de euforia e relaxamento. Ainda assim, alguns de seus efeitos podem ser úteis no sentido medicinal, uma vez que é um potente estimulante de apetite, sedativo, analgésico e anti-inflamatório, além de ter efeito na melhora no humor e nos níveis de bem-estar. Mas, diferente do CBD, pode apresentar efeitos colaterais significativos (ansiedade, taquicardia, perda de memória, entre outros).
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A descoberta publicada na revista alemã European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, em maio deste ano, é fruto da dedicação de pesquisadores do Laboratório de Neuroproteômica, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp.
Há muitas pesquisas sobre o efeito dos canabinoides nos neurônios, mas esse novo estudo buscou entender como tais substâncias atuam nas células de glia — o termo significa “cola” em grego, pois antigamente os estudiosos achavam que eram células que ligavam os neurônios uns nos outros. Apesar dessas suposições, novas análises mostraram que essas células são capazes de desempenhar outras funções importantes em nosso cérebro.
Especificamente, buscou-se entender como os oligodendrócitos (um tipo das células de glia) interagem com os canabinoides no organismo. Esse tipo de célula é responsável pela produção da bainha de mielina, que encapa os axônios e permite que ocorra a comunicação neuronal. Sendo assim, essa estrutura é fundamental para o funcionamento dos neurônios e, quando há falhas, podem ocorrer doenças como esclerose múltipla ou Alzheimer.
Considerando tais fatores, foi possível observar na análise in vitro que os canabinoides impulsionam a proliferação das células oligodendrócitas. Por isso, a expectativa é ampliar o estudo para a fase de testes em animais e humanos, a fim de confirmar a hipótese de que o uso de canabinoides poderia regenerar essas células e, consequentemente, ser benéfico para doenças neurológicas que podem ter a causa associada às falhas nesse processo.
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Fonte: Europe PMC, Scielo, PubMed