Estudos indicam que as infecções de covid-19 contribuem para o aumento do desenvolvimento de doenças neurológicas
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Segundo estudos científicos, a covid-19 provoca danos no cérebro, contribuindo para o aumento dos quadros de demência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em todo o mundo, mais de 50 milhões de pessoas apresentam algum tipo de demência, e o número deve ultrapassar os 150 milhões em 2050.
Os problemas cognitivos após as infecções por SARS-CoV-2, conhecidos como “névoa cerebral”, são caracterizados por deficiências cognitivas, como diminuição da atenção e da concentração, comprometimento da memória e atraso no processamento de informações, em qualquer paciente, com diagnóstico prévio de demência ou não.
Embora sejam necessárias mais pesquisas para compreender qual é o mecanismo exato que contribui para as sequelas no cérebro, os estudos existentes ressaltam a importância de incluir cuidados neurológicos ao tratar pacientes com covid-19 e de monitorar de perto aqueles que já apresentam um diagnóstico de demência.
Em um estudo realizado no Burdwan Medical College and Hospital, do Bangur Institute of Neurosciences, e em clínicas privadas especializadas em cognição, localizados em Bengala Ocidental (Índia), 550 pacientes com demência foram acompanhados com exames regulares entre maio de 2013 e setembro de 2022.
Desse universo, a pesquisa identificou 14 pessoas que tiveram covid-19 e foram previamente diagnosticadas com doença de Alzheimer, demência vascular, doença de Parkinson e demência frontotemporal. Os cientistas compararam avaliações de neuroimagem realizadas três meses antes da infecção e um ano depois.
O estudo identificou um padrão específico de comprometimento cognitivo, devido à interrupção dos circuitos subcorticais frontais, semelhante ao encontrado na demência vascular e na esclerose múltipla. A fadiga e a depressão também foram sintomas observados em todos os pacientes.
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Outro estudo publicado na revista Lancet Psychiatry identificou que, em um universo de 236 mil pacientes, 12% receberam um diagnóstico de doença neurológica ou psiquiátrica pela primeira vez durante os seis meses após as infecções por covid-19.
Embora não tenha sido possível determinar quantos casos de demência eram diagnósticos novos, aproximadamente 0,67% dos pacientes estudados recebeu um diagnóstico de demência no período de até seis meses após a infecção.
Os cientistas acreditam que os diagnósticos podem estar relacionados aos casos em que as infecções provadas pelo coronavírus foram o fator desencadeante para o agravamento de condições preexistentes. As pessoas idosas, que geralmente dispõem de menos reservas cognitivas, podem ser especialmente vulneráveis a esse efeito.
A recuperação da memória recente de uma paciente com sequelas por covid-19 é um dos casos explorados em um estudo publicado no Journal of Novel Physiotherapies por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC/USP), que realizaram 4 mil sessões de fisioterapia para pacientes pós-covid.
Eles se depararam com sintomas persistentes por mais de três meses, como fadiga, dificuldade para respirar, dores musculares e perda de memória. Para o tratamento, foram adotados recursos como o laser, para auxiliar na regeneração de tecidos e na redução da inflamação, e a pressão negativa, eficaz na terapia de problemas respiratórios.
“No processo do tratamento, que é indolor e não invasivo, utilizam-se o laser e o ultrassom como bases principais, carregando seus efeitos diretamente na pressão intracraniana, o que gera um efeito benéfico, por exemplo, nos circuitos reverberativos neuronais”, afirma Dr. Antonio de Aquino Junior, pesquisador do IFSC/USP e um dos autores do estudo.
Fontes: Medicina SA, Journal of Alzheimer’s Disease Reports, BBC, Organização Pan-Americana da Saúda (OPAS), Universidade de São Paulo (USP), Journal of Novel Physiotherapies