O hábito de fumar cigarros está associado a cerca de 70% a 95% dos diagnósticos de câncer de laringe. Em média, 7.790 novos casos serão diagnosticados a cada ano no triênio 2023–2025
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O hábito de fumar cigarros ou outros produtos que contenham tabaco faz que uma grande quantidade de substâncias cancerígenas entrem em contato com as vias respiratórias do corpo. Presente no tabaco, a nicotina é uma substância altamente viciante e está associada a diversos problemas de saúde, incluindo o aumento do risco de desenvolvimento de câncer de laringe.
A fumaça do cigarro, quando inalada, entra em contato com o sistema respiratório e pode causar danos aos tecidos da laringe e das vias respiratórias, levando a irritações crônicas, inflamações e, em casos mais graves, ao desenvolvimento de câncer. O uso combinado de cigarro e álcool gera ainda mais risco para o desenvolvimento dessa condição de saúde.
A laringe é um órgão situado no pescoço, abaixo da faringe e acima da traqueia. Apresenta várias funções importantes, incluindo a produção da voz, a proteção das vias respiratórias e a regulação do fluxo de ar durante a respiração e a deglutição.
De maneira geral, o câncer é a principal causa de morte no mundo e se caracteriza pelo crescimento descontrolado e anormal de células em determinado órgão ou tecido do corpo. No caso do câncer de laringe, há um crescimento descontrolado e anormal em diferentes partes da laringe, e o local envolvido influencia a apresentação, os padrões de disseminação e as opções de tratamento.
O tabagismo é, de longe, o fator de risco mais significativo para o desenvolvimento desse tipo de câncer — está associado a aproximadamente 70% a 95% de todos os casos. Um estudo recente indica que fumar aumenta em até 216% o risco de desenvolver câncer de laringe, que representa um terço dos cânceres de cabeça e pescoço, sendo uma fonte significativa de morbimortalidade frequentemente diagnosticada em homens com idades entre 50 e 60 anos.
As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) são de que a cada ano, durante o triênio 2023–2025, um total de 7.790 casos de câncer de laringe sejam diagnosticados em todo o País, correspondendo a um risco estimado de 3,59 casos por 100 mil habitantes.
Essa situação de saúde pública tende a afetar homens e mulheres de forma desigual. Na estimativa de novos casos diagnosticados, cerca de 6.570 serão em homens, enquanto as mulheres representarão 1.220 casos.
A doença em estágio inicial geralmente tem altas chances de cura com monoterapia cirúrgica ou radioterapia, frequentemente preservando a laringe. Já a doença em estágio avançado está associada a piores desfechos, normalmente necessita de terapia multimodal e é menos provável que permita a preservação da laringe.
A laringectomia (cirurgia de remoção total ou parcial da laringe) resulta na perda da capacidade de falar convencionalmente. Portanto, após a cirurgia, esses indivíduos precisam passar por um processo de reabilitação da fala, conhecido como reabilitação vocal ou fonoterapia, com o objetivo principal de recuperar a comunicação vocal e a capacidade de se expressar verbalmente.
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O risco de câncer de laringe também é aumentado em não fumantes expostos ao fumo passivo. Quanto maior a exposição à fumaça, maior o risco de desenvolver câncer de laringe. Além disso, o tempo de tabagismo influencia diretamente o risco, que diminui gradualmente após a cessação do hábito de fumar.
É importante notar que, mesmo após o tratamento para o câncer de laringe, indivíduos que continuam fumando apresentam um risco maior de desenvolver um segundo câncer de cabeça e pescoço, em comparação com aqueles que deixam de fumar.
Esses achados ressaltam a importância de prevenir o tabagismo e a exposição ao fumo passivo, bem como abandonar o hábito de fumar, para evitar um diagnóstico de câncer de laringe ou evitar um prognóstico menos favorável, no caso de quem já tem essa condição.
Fontes:
INCA. Estatísticas de câncer. Instituto Nacional de Câncer – INCA.
LEE, Sid. Risk factors for laryngeal cancer. Canadian Cancer Society.
SBCCP. SBCCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.