Estudo mostrou impacto positivo do uso de tecnologia, por exemplo a mensagem de texto, como complemento no tratamento de saúde mental
Publicidade
Cerca de 792 milhões de pessoa no mundo, ou cerca de 10% da população mundial, sofrem de algum transtorno mental, como depressão, ansiedade e transtorno bipolar, de acordo com dados do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde, dos Estados Unidos. Nesse país, estima-se que aproximadamente 19% dos adultos tenham um transtorno mental diagnosticável.
Conheça o Summit Saúde, um evento que reúne as maiores autoridades do Brasil nas áreas médica e hospitalar.
Entretanto, os serviços baseados em clínicas para saúde mental não conseguem atender às necessidades desse grande número de pacientes por muitos motivos, incluindo horários limitados, dificuldade de acesso aos cuidados, especialmente durante a atual pandemia, e custos envolvidos na manutenção dos serviços profissionais.
Para superar esse “gargalo”, um novo estudo da Geisel School of Medicine, de Dartmouth, analisou o impacto de uma ferramenta de psicoterapia em tempo real que é baseada em mensagens de texto, como forma complementar segura para ampliar o atendimento a pessoas com transtornos mentais graves. Os resultados foram animadores, e o método se mostra promissor para ser utilizado em larga escala.
O estudo publicado na Psychiatric Services teve como objetivo avaliar a viabilidade e a utilidade clínicas do treinamento de membros da equipe de cuidados intensivos da comunidade psiquiátrica para atuar como “intervencionistas móveis”, que envolvem os pacientes em trocas de mensagens de texto voltadas para a recuperação.
Um programa piloto de três meses com avaliação cega foi conduzido para comparar a abordagem intervencionista móvel como um complemento ao tratamento comunitário assertivo (ACT) em comparação com o ACT sozinho. Os participantes foram 49 indivíduos com transtorno mental grave. Destes, 62% apresentaram esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo, 24% transtorno bipolar e 14% tinham depressão.
Por meio de um programa tradicional de tratamento, os pacientes com transtornos mentais graves contam com uma equipe da universidade para ajudá-los com habilidades da vida cotidiana, como encontrar um emprego ou moradia, administrar medicamentos e atendimentos em clínicas presenciais. No entanto, as pessoas com transtornos mentais graves têm maior probabilidade de apresentar sintomas todos os dias, para os quais podem precisar de terapia adicional.
Para possibilitar um maior atendimento, profissionais de saúde mental licenciados atuaram com o uso de celulares. Eles receberam um programa de treinamento padrão sobre como se envolver de forma eficaz e pessoal com os participantes. As interações pelo celular foram monitoradas semanalmente para garantir que os profissionais estavam aderindo ao protocolo de tratamento. Ao longo do ensaio, mais de 12 mil mensagens foram enviadas e cada uma foi codificada, monitorada e discutida com um médico.
Os resultados clínicos foram avaliados no início do estudo, pós-tratamento e acompanhamento de seis meses. Os cientistas concluíram que o atendimento com um intervencionista móvel de mensagens de texto provou ser viável, aceitável, seguro e clinicamente promissor.
As estimativas do efeito clínico pós-tratamento sugeriram maiores reduções na gravidade dos pensamentos paranoicos, depressão, além de melhor gestão do transtorno e recuperação no grupo que recebeu mensagens. Ao final do tratamento, o nível de satisfação dos pacientes foi avaliado. A intervenção pareceu viável para 95% dos participantes.
Os recursos técnicos necessários para o atendimento por meio de mensagens são amplamente acessíveis a pacientes e profissionais, sendo um bom presságio para uma escalabilidade de intervenção potencial.
Quando pandemias como a covid-19 bloqueiam a possibilidade de contato pessoal entre o paciente e o profissional de saúde, as mensagens de texto associadas a evidências podem ter um papel crucial no apoio à continuidade do tratamento.
Com a crise provocada pelo coronavírus, a agenda de muitas pessoas foi alterada, podendo impedir que indivíduos com transtorno mental tenham acesso de rotina a um terapeuta, como pais que têm filhos em casa. As mensagens de texto podem ajudar a preencher essa lacuna, fornecendo um meio para que os serviços de saúde mental sejam continuamente prestados.
A tecnologia também é promissora por conta da relativa facilidade de treinar os profissionais para a atuação com o celular. Além disso, a ferramenta fornece contato assíncrono com um terapeuta de saúde mental enquanto aumenta a quantidade de contato que um paciente pode ter, sem aumentar a carga colocada sobre os pacientes e os médicos.
Acompanhe as notícias mais relevantes do setor pelo blog. Para saber mais, é só clicar aqui.
Fontes: Science Daily, Universidade de Dartmouth, Psichiatry Services e Our World in Data.