Falta de vacina, problemas logísticos e burocracias são principais gargalos do plano de imunização do Brasil
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A vacinação contra o coronavírus no Brasil segue em ritmo lento. Segundo dados obtidos pelo Monitora Covid-19, portal de acompanhamento da doença da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o País só conseguirá vacinar 70% da população daqui a três anos.
Apenas 2,4% das pessoas foram vacinadas em 28 dias de campanha, de acordo com as informações da Fiocruz observadas até o dia 15 de fevereiro de 2021. As principais causas da demora na imunização são a logística, a falta de doses e burocracias no cadastro da lista de prioridades.
Os problemas de logística e má distribuição comprometem a imunização. Apesar de só 2,4% ter recebido a primeira dose da vacina, 45% das doses distribuídas já foram aplicadas, segundo os dados levantados até o último dia 15 de fevereiro pela Fiocruz.
Isso se explica porque há reservas das vacinas para as pessoas que necessitam da segunda dose três meses depois da primeira aplicação, ou seja, os municípios estão retendo os imunizantes para que não faltem depois.
O projeto Our World In Data, da Universidade de Oxford, aponta que Estados Unidos, Israel e Reino Unido pretendem vacinar 70% ainda neste ano. O Economist Intelligence Unit (EIU) afirma que muitos países desenvolvidos encomendaram mais doses do que o necessário. Sendo assim, essas metas não serão uma realidade no Brasil este ano e outros países subdesenvolvidos também ficarão para trás por causa da má distribuição.
O fato é que não há vacina suficiente para todos os brasileiros, ao menos não neste momento, portanto os governos precisam criar hierarquias, com grupos prioritários. Mas incluir essas pessoas em cadastros tem sido um processo burocrático: além de os critérios estabelecidos serem por localidade, é preciso evitar aqueles que tentam passar por cima dos protocolos e se vacinar antes da hora.
A falta de vacinas já é uma realidade no País: em cidades da região metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, a vacinação foi suspensa na semana passada por causa da falta de doses. Em Salvador, na Bahia, foi preciso paralisar a imunização no fim de semana. A campanha foi retomada em 16 de fevereiro, mas a prefeitura ainda precisaria avaliar se há doses suficientes para a população.
Mesmo assim, o ministro da saúde, Eduardo Pazuello, afirmou, no último dia 11 de fevereiro em sessão do plenário no Senado, que todos os brasileiros serão imunizados até o fim de 2021, com produção de 30 milhões de doses por mês.
O cronograma inicial de produção de vacinas da Fiocruz previa que o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), um dos insumos de produção das doses, estava pronto para ser exportado da China desde dezembro, mas só chegou ao Brasil em fevereiro, com um mês de atraso.
Agora, a instituição avalia alternativas para aumentar a produção da AstraZeneca, imunizante de Oxford, com o objetivo de produzir até 26 milhões de doses por mês.
Um relatório elaborado pelo Economist Intelligence Unit identificou até quando países desenvolvidos e de média renda conseguirão imunizar ao menos 70% da população. A análise foi feita a partir do mapeamento de compras da vacina e da infraestrutura dos países e, segundo o EIU, o Brasil conseguirá atingir a meta em meados de 2022, mas os protocolos de segurança devem ser mantidos até lá.
Fontes: The Economist Intelligence Unit, Monitora Covid-19, Our World in Data, CNN.