Cirurgias eletivas caem 60% e apontam crise no setor da Saúde

27 de maio de 2021 4 mins. de leitura
Queda no número de cirurgias em 2020 piora situação de setores da Saúde que estão represados por demandas da pandemia

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Segundo um estudo da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), a priorização de leitos para a covid-19 trouxe um alto custo a setores adjacentes. 

Da atenção primária aos cuidados especializados nos níveis secundários e terciários, diversas atividades foram impactadas pela força-tarefa voltada para o enfrentamento contra o novo coronavírus. Exemplo disso são as cirurgias eletivas, que caíram quase 60% em 2020. Como a maior parte dos leitos de tratamento intensivo estão destinados a infectados pelo Sars-CoV-2, outras atividades ordinárias tiveram que ser represadas.

Pacientes com doenças crônicas são afetados

Os primeiros a sofrer o impacto da lentidão em processos de rotina são os pacientes crônicos, pois aguardam cirurgias por mais tempo em razão do gargalo apontado pela Abraidi. 

Esse é um problema enorme para a qualidade de vida de pacientes cujas cirurgias são afuniladas, especialmente no caso do sistema público, em que o tempo de espera para os procedimentos pode ser longo. 

Apenas no Sistema Único de Saúde (SUS), a Abraidi estima que mais de 1 milhão de cirurgias deixaram de ser realizadas. Em algumas regiões do País, ocorreram apenas 10% das cirurgias esperadas para um período comum.

Pessoas com doenças metabólicas, por exemplo, como obesos e diabéticos, são grupos de risco para a covid-19, e esperar em uma fila pode torná-los mais suscetíveis a essa doença.

Empresas de saúde entram em 2021 na “corda bamba”

Dedicação de leitos de UTI para covid-19 interrompe cadeia de demandas eletivas. (Fonte: Faboi/Shutterstock)
Dedicação de leitos de UTI para covid-19 interrompe cadeia de demandas eletivas. (Fonte: Faboi/Shutterstock)

O estudo O Ciclo de Fornecimento de Produtos para Saúde no Brasil, da Abraidi, também apresentou informações impactantes no que se refere às empresas do setor. Segundo a pesquisa, houve uma queda média de 50% no faturamento, e 92% delas tiveram que fazer ajustes para sobreviver ao último ano.

A interrupção de cirurgias parece ser um indicador importante: diante da queda de procedimentos em 59,8%, o número de empresas que precisaram reduzir salários de funcionários, assim como suas jornadas, foi de 59%. Esse é o mesmo contingente que precisou renegociar dívidas e faz parte do índice de empresas que reajustaram o valor de produtos e serviços.

Os dados são relevantes porque ajudam a compreender o impacto da covid-19 em outras atividades do campo da saúde, bem como o impacto que as empresas do setor estão tendo diante da pandemia.

Incertezas em relação à recuperação do setor

A carga tributária em São Paulo é apontada pelos empresários como um agravante da crise. (Fonte: Vitor Vasconsellos/Shutterstock)
A carga tributária em São Paulo é apontada pelos empresários como um agravante da crise. (Fonte: Vitor Vasconsellos/Shutterstock)

Além da redução na demanda, foi apontado pelos empresários que a carga tributária está estrangulando o setor – o estado de São Paulo, que concentra o maior número de empresas do setor, subiu o ICMS para 18% – ao passo que a Tabela SUS, que remunera os fornecedores por cirurgias e outros procedimentos, não sofre reajuste há quase 20 anos.

Ainda segundo o estudo que teve como base o ano de 2020, o prognóstico para 2021 não é muito animador. A expectativa é que o setor retome as atividades normalmente apenas com a imunização da maior parte da população, o que não deve ocorrer antes do fim deste ano ou ainda em 2022. 

Dentre os consultados pela pesquisa, apenas 10% acreditam que ainda no primeiro semestre haja uma recuperação, mesmo com o início da campanha de vacinas. Outros 44% esperam uma retomada no segundo semestre deste ano e 42% acreditam que uma resposta não virá antes de 2022. Além disso, 4% entendem que só em 2023 o setor retomará suas atividades normais ou se recuperará.

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Fonte: Medicina S/A.

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