Queda no número de cirurgias em 2020 piora situação de setores da Saúde que estão represados por demandas da pandemia
Publicidade
Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.
Segundo um estudo da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), a priorização de leitos para a covid-19 trouxe um alto custo a setores adjacentes.
Da atenção primária aos cuidados especializados nos níveis secundários e terciários, diversas atividades foram impactadas pela força-tarefa voltada para o enfrentamento contra o novo coronavírus. Exemplo disso são as cirurgias eletivas, que caíram quase 60% em 2020. Como a maior parte dos leitos de tratamento intensivo estão destinados a infectados pelo Sars-CoV-2, outras atividades ordinárias tiveram que ser represadas.
Os primeiros a sofrer o impacto da lentidão em processos de rotina são os pacientes crônicos, pois aguardam cirurgias por mais tempo em razão do gargalo apontado pela Abraidi.
Esse é um problema enorme para a qualidade de vida de pacientes cujas cirurgias são afuniladas, especialmente no caso do sistema público, em que o tempo de espera para os procedimentos pode ser longo.
Apenas no Sistema Único de Saúde (SUS), a Abraidi estima que mais de 1 milhão de cirurgias deixaram de ser realizadas. Em algumas regiões do País, ocorreram apenas 10% das cirurgias esperadas para um período comum.
Pessoas com doenças metabólicas, por exemplo, como obesos e diabéticos, são grupos de risco para a covid-19, e esperar em uma fila pode torná-los mais suscetíveis a essa doença.
O estudo O Ciclo de Fornecimento de Produtos para Saúde no Brasil, da Abraidi, também apresentou informações impactantes no que se refere às empresas do setor. Segundo a pesquisa, houve uma queda média de 50% no faturamento, e 92% delas tiveram que fazer ajustes para sobreviver ao último ano.
A interrupção de cirurgias parece ser um indicador importante: diante da queda de procedimentos em 59,8%, o número de empresas que precisaram reduzir salários de funcionários, assim como suas jornadas, foi de 59%. Esse é o mesmo contingente que precisou renegociar dívidas e faz parte do índice de empresas que reajustaram o valor de produtos e serviços.
Os dados são relevantes porque ajudam a compreender o impacto da covid-19 em outras atividades do campo da saúde, bem como o impacto que as empresas do setor estão tendo diante da pandemia.
Além da redução na demanda, foi apontado pelos empresários que a carga tributária está estrangulando o setor – o estado de São Paulo, que concentra o maior número de empresas do setor, subiu o ICMS para 18% – ao passo que a Tabela SUS, que remunera os fornecedores por cirurgias e outros procedimentos, não sofre reajuste há quase 20 anos.
Ainda segundo o estudo que teve como base o ano de 2020, o prognóstico para 2021 não é muito animador. A expectativa é que o setor retome as atividades normalmente apenas com a imunização da maior parte da população, o que não deve ocorrer antes do fim deste ano ou ainda em 2022.
Dentre os consultados pela pesquisa, apenas 10% acreditam que ainda no primeiro semestre haja uma recuperação, mesmo com o início da campanha de vacinas. Outros 44% esperam uma retomada no segundo semestre deste ano e 42% acreditam que uma resposta não virá antes de 2022. Além disso, 4% entendem que só em 2023 o setor retomará suas atividades normais ou se recuperará.
Fonte: Medicina S/A.