Estudo revela coinfecções respiratórias em pacientes com covid-19

28 de outubro de 2020 3 mins. de leitura
Mais de 17% dos testes apresentaram a ocorrência de mais de um vírus respiratório, o que pode agravar quadro de doenças como covid-19

Os vírus respiratórios costumam ser transmitidos da mesma forma e diminuem a capacidade de respirar do paciente. Dessa forma, é natural imaginar que em surtos, como o do coronavírus, possam ocorrer infecções simultâneas provocadas por diversos patógenos, capazes de agravar o quadro geral do paciente.

Para identificar a presença concomitante de contaminação por diferentes agentes etiológicos, o Grupo Fleury conduziu uma pesquisa que acompanhou testes para identificar vírus respiratórios durante mais de seis meses. 

A conclusão do estudo foi apresentada por Celso Granato, diretor clínico da entidade, no 1° Congresso Virtual da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

O congresso ressaltou a importância do diagnóstico preciso para o controle da pandemia, trabalho realizado por profissionais de química clínica, imunologia, hematologia, coagulação, microbiologia, entre outros. 

Estudo do Grupo Fleury

Grupo Fleury analisou mais de 5 mil testes RT-PCR para identificar presença de coronavírus. (Fonte: Shutterstock)
Grupo Fleury analisou mais de 5 mil testes RT-PCR para identificar presença de coronavírus. (Fonte: Shutterstock)

A pesquisa desenvolvida pelo Grupo Fleury analisou resultados de testes realizados entre 1º de fevereiro e 15 de agosto de 2020, nas unidades do grupo no Brasil. Com aproximadamente 216 unidades, o Fleury está presente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão e no Distrito Federal.

O estudo acompanhou três testes capazes de identificar quase 20 agentes provocadores de infecções respiratórias: 

  • o RT-PCR para o novo coronavírus; 
  • a imunofluorescência direta para vírus respiratórios (IFD); 
  • e testes moleculares para o painel de vírus respiratórios.

Durante o período analisado, foram solicitados 4.472 testes RT-PCR que apontaram resultados negativos e 1.752 testes que detectaram a presença do novo coronavírus. Uma semana antes e uma semana depois do diagnóstico, foram feitos testes para a detecção de outros vírus respiratórios.

Desses, 1.803 exames foram realizados em pacientes com covid-19 — 718 exames de imunofluorescência e 1.085 pedidos de testes moleculares. Ainda, outros 856 pedidos de IFD ou testes molecular para painel de vírus respiratório foram realizados em pacientes sem sinais de covid-19.

Coinfecções respiratórias

A ocorrência simultânea de vírus respiratórios no mesmo paciente pode agravar o quadro de doenças como covid-19. (Fonte: Shutterstock)
A ocorrência simultânea de vírus respiratórios no mesmo paciente pode agravar o quadro de doenças como covid-19. (Fonte: Shutterstock)

Em cerca de 17,5% dos pacientes, foram identificadas infecções provocadas por mais de um agente patógeno. Em situações não pandêmicas, cerca de 16% das amostras submetidas ao teste molecular multiplex têm mais de um agente identificado na mesma amostra.

Entre os pacientes que tiveram a presença do coronavírus detectada, 98% dos testes foram negativos para todos os agentes pesquisados, o que representa um risco relativamente baixo de coinfecções por outros vírus respiratórios. Apenas 1,5% foi positivo para outros agentes. 

Foram identificadas oito variedades de agentes virais. Os patógenos identificados são aqueles mais prevalentes nessa época do ano. Entre os testes sem detecção de covid-19, 88% foram negativos e 12% positivos para algum agente infeccioso. Foram identificados o Rhino/EV; RSV; Influenzavírus A e B; PIV 1, 2, 3, 4; Coronavírus 22E, NL63, OC43, HK1; Metapneumovirus; Adenovírus, além de Mycoplasma e Chlamydophila.

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Fontes: Grupo Fleury, Beep Saúde, Congresso Virtual da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, Medicina SA.

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