Linha de frente: 440 médicos brasileiros já morreram na pandemia

24 de dezembro de 2020 4 mins. de leitura
Conselho Federal de Medicina criou plataforma para homenagear profissionais de saúde mortos na luta contra a covid-19

Após quase um ano de pandemia do novo coronavírus, o Brasil ultrapassou a marca de 7 milhões de casos e 183 mil mortes. Entre as vítimas da covid-19, 440 eram profissionais de saúde que arriscaram a vida na linha de frente dos hospitais de campanha e nas unidades de tratamento intensivo (UTIs) para salvar outras pessoas.

Pensando nisso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) preparou um memorial virtual para honrar a trajetória de quem faleceu exercendo a profissão e exibindo uma enorme coragem e vontade de construir uma sociedade melhor.

Mapa da covid-19

Rio de Janeiro e São Paulo são os estados que mais perderam médicos para a covid-19. (Fonte: Shutterstock)
Rio de Janeiro e São Paulo são os estados que mais perderam médicos para a covid-19. (Fonte: Shutterstock)

Conforme o mapa apresentado pelo portal do CFM, os três estados que mais perderam médicos durante a pandemia foram Rio de Janeiro (66), São Paulo (62) e Pará (52). Vale ressaltar que todo o País apresentou baixas entre janeiro e dezembro de 2020.

Na página do memorial, é possível acessar as informações de cada um dos profissionais mortos pelo vírus Sars-CoV-2. Essa é uma medida criada para humanizar os óbitos diários causados pela covid-19 e lembrar que por trás das estatísticas existem pais, filhos, amigos.

Para a elaboração do site, o CFM contou com informações provenientes de diversas fontes, incluindo Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), sociedades de especialidades, sindicatos médicos, secretarias de saúde (estaduais e municipais) e veículos de comunicação. A página tem as informações atualizadas a cada 15 dias, contemplando os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde e por outros órgãos.

Grupo de risco

De acordo com um estudo desenvolvido pela Universidade Harvard em parceria com o King’s College de Londres e publicado no Lancet Public Health, os profissionais de saúde que trabalham na linha de frente da pandemia têm três vezes mais chances de testar positivo para covid-19 do que a população em geral, apesar do uso adequado dos equipamentos de proteção individual (EPIs).

Conforme os dados apresentados pelo documento, a prevalência do vírus nessa parcela da população é de 2.747 para cada 100 mil médicos. Com exposição a altos níveis de carga viral diariamente, essas pessoas se tornam particularmente mais propensas a desenvolver sintomas severos ou infecções graves por Sars-CoV-2.

Burnout

Esgotamento físico e mental são sintomas comuns entre médicos na linha de frente da pandemia. (Fonte: Shutterstock)
Esgotamento físico e mental são sintomas comuns entre médicos na linha de frente da pandemia. (Fonte: Shutterstock)

O estresse constante causado pela profissão, sobretudo em tempos de epidemia, é um dos fatores que têm feito com que diversos profissionais de saúde apresentem a chamada síndrome de burnout, caracterizada por esgotamento físico e psicológico. A pressão por lidar com a vida dos pacientes e por expor a própria saúde aos riscos da covid-19 soma-se a problemas particulares e faz o trabalhador sentir uma sobrecarga capaz de trazer malefícios para o corpo.

De acordo com um estudo feito pela Pebmed em 2020, a prevalência de burnout é de 83% nos médicos na linha de frente da pandemia e de 71% naqueles que não estão atuando no combate à covid-19. Ao todo, a síndrome impactou 79% dos médicos, 74% dos enfermeiros e 64% dos técnicos de enfermagem entrevistados.

Entre os motivos listados como os que mais contribuem para a sensação de esgotamento, estão maior demanda do que recursos disponíveis, piores condições de trabalho, menor segurança psicológica no ambiente de trabalho, alta carga horária e medo de contaminação de familiares.

Valorização dos profissionais

Em julho, quando os dados do Ministério da Saúde ainda indicavam 196 óbitos e 23 mil casos confirmados de covid-19 entre os profissionais na linha de frente da pandemia, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha lançou a campanha Valorize o Essencial, com o objetivo de combater estigmas e fomentar o respeito e o apoio aos médicos que estão lutando diariamente contra o vírus. Em um de seus segmentos, a Cruz Vermelha desenvolveu o Projeto Pausa, para ensinar práticas de manutenção da saúde física e mental para os profissionais que apresentam a síndrome de burnout.

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Fonte: PEBMED, R7, CFM, Pública, Pfarma, Agência Brasil, Cruz Vermelha, CFM.

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